José Vieira do Nascimento
Quem quer realmente pegar o corrupto tem que seguir o dinheiro. Na política é comum se ouvir muitos discursos inflamados, principalmente de vereadores e deputados, em tom de sobriedade. O cidadão comum que assiste a encenação, geralmente combinada entre as partes, acredita que o cara está mesmo indignado e na defesa dos interesses da coletividade. Só ludibriação.
Esse lance de criticar buraco nas ruas, falhas no sistema de Saúde, falar mal da Educação, de mal atendimentos, não afeta a imagem dos gestores. Vez ou outra é até bom receber esse tipo de crítica.
Essa simulação, quase sempre, cabe aqueles políticos que não são da base, mas também não são da oposição. Os falsos ataques vão até certo ponto, mas eles sabem muito bem qual é o limite. Dubiamente, ficam no meio termo. E são criteriosos para não extrapolar no que foi negociado. Geralmente são cobras criadas e acabam tirando de letra.
Só existe uma regra na política para quem realmente quer fiscalizar a aplicação do recurso: quem quer, pegar, segue o dinheiro...
Um experiente assessor parlamentar, que há anos milita nos bastidores políticos, me confidenciou dia deste, algo que eu já sabia, ao se referir sobre certos políticos que, para enganar a população, verborragiam eloquentes em seus pronunciamentos. Xingam, gritam, gesticulam e batem na mesa. Tudo para impressionar. Mas não falam do dinheiro que está sendo surrupiado, porque é de lá que sai sua propina. "Esse comportamento faz parte do sistema", disse-me.
Para seguir o dinheiro é preciso, de fato, cumprir a função do parlamentar, que é fiscalizar o executivo
E onde está o dinheiro público que fomenta a corrupção?
Está nas licitações. E licitações, para ser fiscalizada, exige dedicação e trabalho árduo. Atributos raros no meio político.
Existe uma ferramenta que os corruptos adoram nas licitações das obras públicas, que são os Aditivos. A estratégia é manjada, mas a população geralmente não se interessa por estas questões e os políticos nadam de braçadas.
Obras que tem prazo de um ano para serem entregues, não raro, demoram 5. Algumas recebem um monte de aditivos e são, simplesmente paralisadas, depois de consumir um grande volume de dinheiro público.
Conforme este assessor, são muitas as tramoias usadas para garantir que o dinheiro seja canalizado para os bolsos destes agentes. Grande novidade!
A manobra inicia quando o parlamentar libera uma emenda com seu percentual já negociado. O recurso só é liberado se ele receber a sua parte. E as etapas seguinte são as licitações de cartas já marcadas.
Na ponta, para não fiscalizar e fechar os olhos para o esquema, parlamentares locais levam sua parte. Todos ficam felizes.
E o povo é quem leva o ferro!
Abrahao lincon 25/06/2025
Parabéns pelo belo texto, na verdade é bem desse jeito que funciona a política no Brasil , é de mamando a caducando, e pior é em todas as esferas, federal ,estadual,e municipal e muitas da vezes ainda tem a fatia do judiciário, e o povo só leva ferra. Parabéns mais uma vez pelo exposto
1 comentários