José Vieira
Mato Grosso do Norte
Mato Grosso do Norte iniciou na edição se segunda-feira, 26, uma série de 4 reportagens sobre a Pista do Cabeça, localidade distante 72 quilômetros de Alta Floresta, ouvindo moradores sobre os principais problemas enfrentados pela comunidade.
Antônio de Lima Souza, popular Caladinho, comerciante, mora há 20 anos na Pista do Cabeça {antigo distrito União da Serra}, e diz que a situação enfrentada pelos moradores é de abandono, descaso e ausência do poder público municipal.
Em entrevista concedida em sua lanchonete, na sexta-feira, 23, ele afirma que após a Pista do Cabeça ser anexada ao município de Alta Floresta, nenhum prefeito deu aos moradores, tanto do aglomerado urbano como das comunidades adjacentes, a atenção que a população merece.
Além da deficiência dos serviços públicos essenciais, ele reclama também do desinteresse em regularizar a localidade, para, de fato, ser integrada ao território de Alta Floresta.
“Em 2013, o então prefeito Asiel Bezerra fez uma mudança para certos documentos os moradores conseguirem em Alta Floresta. Antes, tudo dependíamos de Nova Canaã do Norte. Quando se precisava resolver alguma coisa, tínhamos que ir à Nova Canaã. Agora, muitas coisas conseguimos resolver em Alta Floresta mesmo”, observa Caladinho.
Caladinho descreve a Pista como 'um filho sem pai', só é lembrada na hora de eleição. “Daqui sai os nossos votos para Alta Floresta, mas sequer somos reconhecidos na prefeitura. Na prefeitura não existe Pista do Cabeça, União da Serra e muito menos comunidade Novo Cruzeiro. É necessário que Alta Floresta faça um recadastramento da população, regularize a parte de documentos para sermos reconhecidos. Fazemos questão de pagar IPTU para termos força e o direito de cobrar o prefeito. Queremos pagar, mas ter o retorno. Atualmente, somos como filho sem pai”, lastima o morador.
Uma das cobranças da comunidade é que a prefeitura faça, pelo menos, 2 quilômetros de asfalto, ligando a MT-325 até no final da avenida Dante de Oliviera, que atravessa a vila. “A população quer que asfalte toda a vila, mas temos que fazer por etapa, primeiro a avenida para diminuir a poeira, que é demais aqui e quase não suportamos”, aponta.
'Somos distritos' - Para ele, a Pista do Cabeça é ainda o distrito União da Serra. O que falta é somente ser reativado pela gestão politica de Alta Floresta. E tem todas as condições favoráveis para que isto seja feito.
Segundo ele, há pouco mais de 2 anos, alguns moradores liderados por Minoru Yoshikawa, cobraram do vereador Adelson Rezende, de Alta Floresta, que retomasse a discussão pela reativação do distrito. No entanto, a questão se transformou em briga política, com a interferência de outro vereador, e foi ignorada pelo prefeito atual.
“O que o prefeito queria era uma briga de vereadores para não levar a ideia adiante. E foi o que aconteceu. E a nossa luta para voltarmos a ser distrito parou novamente. Infelizmente, há um vereador que deveria estar do nosso lado, mas que está contra a comunidade e do lado do prefeito”, lamenta Caladinho sem citar nome.
Para ele, a melhor alternativa para a Pista do Cabeça retomar o seu crescimento e melhorar a qualidade de vida da população, é Alta Floresta reconhecê-la como distrito, como era na época em que pertencia à Nova Canaã do Norte.
“Temos produção de grãos, um rebanho bovino de 300 mil cabeças e Agricultura Familiar. O asfalto está chegando e favorecerá para fortalecer a nossa cobrança. Com distrito, poderemos ter novamente Correios (que tínhamos e foi desativado), uma agência bancária para facilitar a vida dos moradores, principalmente de aposentados que tem que ir para Alta Floresta par receber suas aposentadorias, além de outros serviços e investimentos que nossa população merece e tem direito”, relata o morador.
"Com o distrito poderemos ter maquinários à nossa disposição, um caminhão pipa para molhar as ruas, pois não aguentamos tanta poeira, além de outros serviços básicos que hoje não temos acesso, como coleta de lixo. O que queremos é a regularização, pagar IPTU, mas ter nossos direitos assegurados. Hoje, estamos abandonados”, reitera.
Caladinho legitima a luta de Minoru de ver seu sonho de a Pista do Cabeça voltar a ser um distrito e ter seu crescimento retomado.
“O Minoru afirmou que em 2025, na nova gestão, vai reunir as 7 comunidades para ir conversar com o prefeito. Queremos unir forças para cobrar a reativação do distrito e vamos cobrar também apoio da Câmara Municipal. Não será apenas o Minoru, mas representantes das comunidades que estão juntos cobrando”, afirma Caladinho.
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