Gazeta Digital
Fernanda Leite e Welington Sabino, do GD
O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), deflagrou na tarde desta quarta-feira (5) a 2ª fase da Operação Ventríloquo, que desarticulou em 2015, um esquema de desvio de R$ 9,4 milhões na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Essa 2ª etapa foi batizada de "Filhos de Gepeto".
Um mandado de prisão preventiva, bem como de busca e apreensão foi expedido contra Francisvaldo Mendes Pacheco, chefe de gabinete do deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB).
Francisvaldo já foi preso pelos agentes do Gaeco que é composto por promotores de Justiça, delegados e policiais civis e militares.
As buscas à procura de documentos são realizadas na Assembleia Legislativa e também na casa de Francisvaldo.
Romoaldo depõe no Gaeco-
O deputado Romoaldo também foi levado à sede do Gaeco para prestar depoimento. Na saída, ele falou com a imprensa e alegou que não tinha conhecimento sobre a prisão de seu chefe de gabinete. “Não estou sabendo, não tenho conhecimento dessa prisão dele. Ele [Francisvaldo] é meu chefe de gabinte há muitos anos, mas eu não sabia, não tinha esse conhecimento", argumentou o peemedebista.
Romoaldo explicou que a investigação está em andamento há 2 anos relativa à dívida que o HSBC tinha com a Assembleia. Lembra que o pagamento foi feito no período em que ele estava ocupando a presidência do Legislativo Estadual porque a Justiça havia determinado o afastamento de José Riva da presidência.
Mas afirma que agiu dentro da legalidade e só autorizou os pagamentos atendendo parecer da Procuradoria Geral Assembleia já que havia recursos e um parecer favorável. “A Assembleia devia aquela conta. Eu não vejo nenhuma ilegalidade", sustenta o parlamentar.
Ele também comentou sobre sua ida ao Gaeco. “Eu vim esclarecer aqueles pagamentos que estão ligados a pessoas que eu conheço como voos atendendo a Assembleia, shows beneficentes realizados pela Assembleia e também um posto de combustível chamado Rede Shop que atendeu combustíveis do meu gabinete enquanto permaneci na Assembleia, ou seja, fornecedores que tinham dívidas contabilizadas e receberam dessa forma”, explica.
1º fase da operação
A Operação Ventríloquo teve início com a delação premiada do advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo, que representava o banco HSBC que tinha um crédito a receber da Assembleia relativo a seguros de saúde contratados pelo então presidente da Casa, José Riva para os servidores do Legislativo Estadual.
Segundo o Ministério Público Estadual,José Riva, teria determinado o pagamento de uma dívida na integralidade de R$ 9,4 milhões aao banco HSBC desde que metade do valor fosse desviado para o grupo crimnioso chefiado pelo ex-parlamentar.
A 1ª fase foi deflagrada em 1º de julho de 2015, ocasião em que foram presos José Riva, ex-secretário geral da Assembleia, Luiz Márcio Bastos Pommot e o advogado Júlio César Domingues Rodrigues. A ação penal contra eles e contra o ex-procurador da Assembleia, Anderson Flávio de Godoi, está na fase das alegações finais. Em abril deste ano, José Riva foi interrogado pela juíza Selma Rosane e confessou que participou do esquema e recebeu dinheiro sabendo que se tratava de propina, recurso oriundo de corrupção.