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Política Sexta-feira, 04 de Julho de 2025, 08:41 - A | A

04 de Julho de 2025, 08h:41 - A | A

Política / onda de feminicídios

“Não vamos nos calar!”: vereadora quer formar frente para cobrar ação contra feminicídios

Durante sessão na Câmara de Alta Floresta, a vereadora Elisa Gomes denuncia o avanço da violência contra mulheres no estado e propõe união de vereadoras para pressionar por políticas públicas efetivas



Dionéia Martins
Mato Grosso do Norte

A vereadora Elisa Gomes (União) fez um forte pronunciamento durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Alta Floresta na segunda-feira, 30/6, ao cobrar ações mais efetivas do poder público para combater a crescente onda de feminicídios em Mato Grosso.

A parlamentar destacou que o estado está entre os que mais matam mulheres no Brasil e afirmou que pretende articular, junto a outras vereadoras da região, uma mobilização direta na Assembleia Legislativa e no governo estadual.

“Nós estamos encerrando o mês de junho com mais de 10 mulheres vítimas de feminicídio. Já são mais de 30 assassinadas só neste ano no estado. Quantas crianças ficaram órfãs? Isso é inadmissível. Nós não podemos mais nos calar”, disse.

Elisa disse que já iniciou articulações com vereadoras de outros municípios. “As vereadoras de Carlinda já estão conosco. Vamos reunir todas as legisladoras da região para cobrar o que é urgente: segurança e políticas públicas reais para proteger a vida das mulheres”, afirmou.

Conforme ela, a meta é formar uma frente regional de vereadoras do norte de Mato Grosso para pressionar os poderes estaduais. A proposta é realizar audiências, encontros com lideranças políticas e apresentar sugestões de políticas públicas com recorte de gênero.

Para a vereadora, é hora de transformar indignação em ação. “Se a gente não ocupar esse espaço, ele continua sendo silencioso diante da violência. E o silêncio também mata. Não aceitamos mais esse título de sermos o estado que mais mata mulheres neste país. Basta! ”.

Mato Grosso lidera ranking - De acordo com o último levantamento do Ministério da Justiça, o Brasil registrou 1.459 feminicídios em 2024, uma média de quatro mulheres assassinadas por dia.

Apesar da estabilidade no número nacional, Mato Grosso se destaca negativamente com a maior taxa de feminicídio proporcional do país: 1,87 a cada 100 mil mulheres, bem acima da média nacional de 1,34.

Em 2024, 47 mulheres foram mortas no estado, sendo que 83% dos crimes ocorreram em ambiente doméstico. A maioria das vítimas era mãe: 41 delas deixaram ao menos 89 filhos órfãos. Em muitos casos, o agressor era o companheiro ou ex- companheiro.

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Mulheres assassinadas durante o mês de junho em Mato Grosso

 

Dados preliminares de 2025 apontam que o cenário continua crítico: já são pelo menos 28 casos de feminicídio registrados até o final de junho. “É revoltante saber que ainda não existe uma política pública eficaz, com orçamento, estrutura e presença do Estado na base para proteger essas mulheres. Se eu, enquanto legisladora, não levantar essa pauta, quem vai fazer isso?”, questiona Elisa.

A vereadora também chamou atenção para o medo que ainda paralisa muitas vítimas e para a falta de respaldo mesmo quando há denúncia. Em Mato Grosso, apenas uma das mulheres assassinadas em 2024 possuía medida protetiva em vigor. A maioria já havia sofrido violência anteriormente, mas não teve o acolhimento necessário.

“Muitas mulheres têm medo, e com razão. O sistema não garante segurança. Precisamos de políticas públicas em todos os níveis: jurídico, social, psicológico e habitacional. Precisamos de mais recursos e menos discursos”, ressaltou.

 

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