Muito se fala sobre o quanto o estresse pode ser prejudicial para a saúde, mas será que ele também pode afetar o coração? Quando estamos estressados, nosso cérebro interpreta uma situação de risco ou perigo e libera diversos hormônios e substâncias químicas, como a adrenalina, o cortisol e a norepinefrina.
Estes hormônios, juntos, agem diretamente no sistema cardiovascular desencadeando a vasoconstrição das artérias, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
Digamos que o estresse é uma defesa natural do nosso corpo e até certo ponto, o estresse é entendido como uma necessidade fisiológica de autoproteção, assim, a forma como interpretamos o que estamos vivendo é que determina se ele será positivo ou negativo.
Segundo a Associação Americana de Psicologia, há três tipos de estresse: o estresse agudo, o estresse agudo episódico ou estresse crônico. Veja aqui todos os detalhes de cada um deles.
O estresse contínuo mexe também com o funcionamento do cérebro. Dessa forma, quem vive uma rotina estressante libera altos níveis de hormônios que provocam instabilidade no organismo.
A adrenalina, por exemplo, é um deles. Ela atua aumentando os batimentos cardíacos e a pressão arterial, o que pode culminar em um ataque cardíaco e até levar à morte. Já o cortisol, outro hormônio liberado durante situações de estresse, também pode causar a morte em pessoas que já tenham doenças cardiovasculares.
Sendo assim, é necessário considerar que os hormônios do estresse são estimuladores da musculatura do coração, fazendo com que ele contraia e relaxe. Quanto mais o coração passa por esse processo, mais esse sistema fica ineficiente.
infarto ou estresse?
Cerca de 15% dos casos de infarto são causados por uma situação de estresse repentino e muito forte, desencadeado pelo fechamento das artérias coronarianas. Muitas pessoas acreditam que estão infartando pois, durante uma crise de estresse, sintomas como falta de ar, coração acelerado e transpiração excessiva podem acontecer e estes são semelhantes aos de um infarto.
Caso esses sintomas apareçam, o paciente deve procurar imediatamente um hospital para avaliar se é um infarto. Nesse caso, os sintomas podem se prolongar para dor no peito, no braço esquerdo, costas, entre outros.
Como identificar?
Há várias formas de identificar que o estresse está se tornando um problema. Agitação, o ato de falar ou comer muito rápido, aumento ou diminuição do apetite, sudorese e alteração no sono são alguns deles.
Além disso, as pessoas que sofrem de estresse constantemente também podem desenvolver um quadro de ansiedade. Nas fases mais avançadas, o indivíduo já não consegue realizar suas atividades adequadamente.
Altos níveis de estresse
Os altos níveis de estresse podem causar taquicardia e aumento da pressão arterial, condições que, quando persistem por muito tempo, podem aumentar o risco de infarto e AVC.
Um dos fatores que muitas pessoas buscam para aliviar o estresse é com o cigarro. O ato de fumar, a longo prazo, pode trazer problemas cardiovasculares secundários à ativação dessas condições. Por isso, o tratamento envolve reduzir o estresse e tratar a hipertensão ou o tabagismo, por exemplo.
Para pessoas que tem outros fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como os idosos, o efeito agudo dos hormônios no coração pode levar a arritmia ou parada cardíaca.
Simplificando:
1. A produção de hormônios gera adrenalina: esta, causa impacto no coração
2. Assim, podem surgir saídas inadequadas para estresse como cigarro, álcool, má alimentação que causam problemas cardiovasculares a longo prazo
3. O efeito agudo de hormônios do estresse + idade avançada pode ocasionar uma possível arritmia ou parada cardíaca.
Por isso, é preciso acompanhar de perto e saber reconhecer quando estão ocorrendo os sintomas de estresse.
Hora de prevenir
Para prevenir esse mal e evitar que o estresse acumule, uma das dicas é tirar pelo menos dez minutos do dia para fechar os olhos e pensar em uma única imagem e nada mais como um desenho ou uma paisagem e também investir em uma respiração profunda. Quando se respira de forma lenta e profunda, as células cerebrais são oxigenadas gerando tranquilidade.
E, claro, para reduzir o risco de infarto gerado por episódios constantes de estresse, é essencial incluir alguma atividade física em sua rotina. Isso porque, além de reduzir o estresse, ao se exercitar, o músculo cardíaco se fortalece e produz novas redes de circulação do sangue.
Para somar às atividades físicas, a alimentação balanceada e sono tranquilo, são ótimos aliados no combate ao inimigo. Sabemos que há inúmeras formas de manter a saúde do coração em perfeito estado:
* Mantenha os níveis de colesterol estáveis;
* Realize todos os exames do coração regularmente;
* Evite, na medida do possível, ingerir bebidas alcoólicas;
* Deixe o cigarro para lá: aproveite para apagar essa ideia;
* Tente evitar acumular muitas informações;
* Aproveite para realizar uma leitura sobre algum assunto que goste;
* Se necessário, tire um cochilo durante o período da tarde. Aproveite para repor as energias e descanse sua mente.
Max Lima é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva. CRMT 6194