As Olimpíadas de 2024 chegaram ao fim e foram palco para habilidades atléticas e rivalidades esportivas; mas ofereceram também uma janela viva sobre o tema saúde mental - histórias de resiliência e desafios emocionais destacaram a importância desse assunto no desempenho esportivo e na vida pessoal dos competidores. O que podemos aprender com elas?
Atletas de alto nível frequentemente enfrentam pressões extremas, as quais podem causar problemas como ansiedade, depressão e estresse. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sports Psychology Journal, aproximadamente 35% dos atletas olímpicos relataram sofrer algum tipo de transtorno mental. A ênfase no desempenho pode levar os atletas a negligenciar seu bem-estar emocional, criando um ciclo vicioso que pode afetar não apenas sua performance, mas também sua vida fora das competições. Ainda há muitos atletas que hesitam em buscar ajuda devido ao medo de serem considerados fracos ou de comprometerem suas carreiras – você consegue se identificar nisso? Essa estigmatização pode ser devastadora…
Rebeca Andrade, ginasta brasileira, foi uma das figuras centrais nas Olimpíadas de Paris 2024. Conhecida por sua força e habilidade, Rebeca também enfrentou desafios relacionados à saúde mental. Ela foi franca sobre a importância do suporte psicológico em sua preparação. Durante uma entrevista, mencionou: “Minha psicóloga foi essencial para meu desempenho. A pressão para performar é enorme, e ter alguém para conversar e desenvolver estratégias para lidar com o estresse foi fundamental para meu sucesso. A saúde mental é crucial para estar no meu melhor, tanto física quanto emocionalmente.”
Marcus Johnson, triatleta dos Estados Unidos, também ofereceu uma visão valiosa sobre saúde mental durante os Jogos de 2024. Após uma série de performances intensas e de uma lesão, Johnson compartilhou abertamente sobre suas lutas com a ansiedade e o estresse, afirmou “O que aprendi é que não podemos subestimar o impacto da saúde mental. Às vezes, a pressão e o estresse afetam nossa performance tanto quanto as lesões físicas. Ter apoio psicológico me ajudou a encontrar uma maneira de lidar com o estresse e voltar mais forte.”
A experiência de ambos atletas destaca a importância de integrar o suporte psicológico com o treinamento físico. A saúde mental não deve ser uma reflexão tardia, mas uma parte central do planejamento e da preparação dos atletas. Quantas vezes ignoramos nossas emoções priorizando a saúde física? Assim como os atletas, muitas pessoas enfrentam desafios emocionais em suas vidas diárias, afinal, quem não quer ter ótimo desempenho e sucesso em casa, nos relacionamentos e no trabalho? O apoio de amigos, familiares e profissionais de saúde mental é crucial para enfrentar esses desafios. A visibilidade que os atletas deram ao cuidado com a saúde mental sublinha a importância de buscar ajuda quando necessário e de apoiar os outros em suas jornadas.
A forma como os atletas lidam com desafios e superam adversidades pode servir como inspiração para todos nós. A resiliência, capacidade de enfrentar dificuldades e determinação são qualidades que podem ser aplicadas em diversas situações da vida cotidiana. Você sabe reconhecer seus limites? A experiência dos atletas também enfatiza a importância de encontrar um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e as responsabilidades profissionais.
A discussão aberta sobre saúde mental, promovida pelos atletas e pela mídia, ajuda a reduzir o preconceito associado a problemas psicológicos. Isso pode encorajar mais pessoas a buscar ajuda e apoio, criando uma sociedade mais compreensiva e solidária. Procurar ajuda é um ato de amor e coragem, você não é fraco. Onde procurar ajuda além de família e amizades?
A atuação dos profissionais de saúde mental
O papel do psicólogo e do psiquiatra na ajuda em saúde mental é fundamental, mas as suas funções e abordagens são distintas. Um dos principais papéis do psicólogo é na psicoterapia - técnicas terapêuticas para ajudar as pessoas a explorar e compreender seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Psicólogos não prescrevem medicamentos, mas ferramentas através da conversa para melhorar a autoimagem, a comunicação e a qualidade de vida. Já o psiquiatra é um médico que se especializou no diagnóstico e tratamento de doenças mentais, e atua do ponto de vista médico e farmacológico. Em muitos casos, psicólogos e psiquiatras trabalham juntos para oferecer um tratamento integrado – cada pessoa é única e complexa.

Quem sou eu?
Ana Lígia Godoy Baldin Fortkamp, nascida em Pirassununga/SP, fiz minha formação em Medicina e Residência em Psiquiatria na Universidade Estadual de Londrina/PR. Há oito anos moro em Alta Floresta com meu esposo e filho, atuo em consultório principalmente junto ao público adulto, em casos de depressão, transtorno bipolar, ansiedade, TDAH adulto, TOC e outras condições em saúde mental.