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Variedades Domingo, 24 de Outubro de 2021, 00:00 - A | A

24 de Outubro de 2021, 00h:00 - A | A

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Alma renovada



por Eduardo Rocha/ Auto Press

                Nos últimos cinco meses, desde a chegada da versão com motor T270 à linha, no final de abril, o Jeep Compass passou a emplacar sistematicamente acima de 6 mil unidades. Não é coincidência. A versão Longitude custa a partir de R$ 166.990 com motor GSE 1.3 Turbo e nada menos que R$ 212.990 com o motor Multijet 2.0 turbodiesel – que conta ainda com tração 4X4. Os R$ 46 mil de diferença já seriam um atrativo por si só. Antes da chegada da versão T270, essa economia só era possível trazendo como contrapeso o motor 2.0 Tigershark, fraco e beberrão.

                O antigo motor oferecia potência de 159 a 166 cv, com torque máximo de 19,9 a 20,5 kgfm, pouco para a tonelada e meia de peso do modelo. O consumo, segundo o InMetro, ficava entre 6,1 e 8,8 km/l na cidade e entre 7,5 e 10,8 km/l na estrada, que rendia classificação D no geral e no segmento. O GSE 1.3 Turbo rende de 180 a 185 cv de potência, sempre com 27,5 kgfm de torque. O consumo passou a ser de 7,1 a 8,6 km/l na cidade e de 10,3 a 11,9 km/h na estrada, com classificação B na categoria e C no geral. O único equipamento herdado pelo novo trem de força é o câmbio automático de seis marchas, produzido pela Aisin.

                Ou seja: antes para ter um Compass flex era preciso abrir mão do desempenho e escancarar a carteira no posto de combustível. Coisa que já não é necessária com a motorização T270. Antes, Tigershark e Multijet produziam números de desempenho parecidos. O zero a 100 km/h do primeiro era de 10,6 segundos, com máxima de 192 km/h enquanto o turbodiesel acelerava em 10,7 segundos, com máxima de 198 km/h. Só que a diferença de comportamento era gritante, pois o antigo motor flex só mostrava agilidade em giros altos enquanto o Multijet oferecia torque em um amplo regime de giros, já a partir de 1.750 rpm.

                O novo motor GSE 1.3 Turbo também apresenta esta mesma elasticidade. O torque máximo também aparece aos 1.750 rpm e como é mais potente que o motor turbodiesel – 180/185 cv contra 170 cv –, ele é mais rápido e mais veloz. O zero a 100 km/h é feito em 9,3 segundos – 1,4 segundo a menos – e a máxima é de 206 km/h. Agora, a vocação de cada motorização ficou melhor definida. A turbodiesel é para quem quer um SUV raiz, inclusive com tração integral, enquanto a versão flex é para quem busca um carro para cidade e rodovia, com uma pegada mais crossover. Isso apesar de o modelo contar com o sistema Jeep Traccion Control+, que funciona como uma diferencial com escorregamento limitado.

                Em relação ao conteúdo, ele está intrinsecamente ligado ao preço. No caso da versão testada, Longitude, era ocupa a faixa intermediária na gama flex e é a configuração básica com motor turbodiesel. De mais relevante, a versão traz seis airbags, sensor de luz e chuva, aletas para trocas de marcha no volante, ar-condicionado dual zone, revestimento em couro, chave presencial, câmera e sensor traseiro, retrovisor interno eletrocrômico, painel com tela, sistema start/stop, freio de estacionamento elétrico e faróis de neblina.

                A chegada do novo motor flex foi marcada também por uma ligeira mudança no visual. Mudaram os faróis full led, a assinatura em led dianteira e traseira, a grade, os para-choques, as entradas de ar dianteira. as seções internas e as linhas de led da lanterna traseira e a parte inferior do para-choque traseiro. Por dentro, as novidades atingem principalmente o painel, com novo grafismo e tela de TFT colorido com 7 polegadas, e a central multimídia, que na versão tem tela elevada com 10,1 polegadas e GPS interno.

 

Ponto a ponto

 

Desempenho – Os 180.185 cv de potência e, principalmente, os 27,5 kgfm de torque do novo motor GSE 1.3 Turbo movimentam com facilidade os quase 1.600 kg do Compass Longitude. O modelo mostra disposição em toda a extensão da faixa útil de giros, com boas arrancadas e retomadas. O câmbio automático de seis velocidades se mostra lento e com escalonamento aberto demais para explorar todo o potencial, que já pede uma transmissão com maior número de marchas. Ainda assim, esta versão flex ficou incomparavelmente melhor que a antiga. Nota 9.

Estabilidade – A suspensão, independente nas quatro rodas e de curso longo, controla bem os movimentos da carroceria, mesmo em trechos esburacados. O conjunto de rodas aro 18 e pneus 225/55 é correto para o carro, que ficaria melhor com medidas mais generosas, principalmente no asfalto. Os assistentes eletrônicos de tração e estabilidade são pouco invasivos e o sistema Jeep Traccion Control+ se mostrou efetivo, embora não seja aconselhável se arriscar com este Compass em um atoleiro. Nota 8.

Interatividade – O interior do Compass é bastante funcional, tudo é bem localizado e as duas novidades, a tela de TFT no painel e o novo posicionamento da central multimídia, facilitaram bastante o monitoramento do modelo. Boa parte dos comandos podem ser acessado através do volante multifuncional, que permite navegar pelo computador de bordo. O sensor traseiro combinado com a câmera de ré é funcional, para um carro que custa mais de R$ 160 mil já deveria trazer monitoramento 360º. A transmissão automática traz aletas no volante para trocas manuais, que ajudam a explorar um pouco mais esportividade do modelo. Nota 8.

Consumo – O InMetro classificou o novo Compass Longitude com a nota B no segmento e C no geral, pelo consumo de 7,1 a 8,6 km/l na cidade e de 10,3 a 11,9 km/h na estrada. Uma grande evolução em relação à antiga motorização. Nota 7.

Conforto – O Compass tem um certo refinamento ao rodar. O novo motor também é bem balanceado e gera poucas vibrações. Com isso, a vida a bordo fica mais suave e silenciosa. O espaço interno é generoso e quatro ocupantes viajam com grande conforto – até pela excelente ergonomia dos bancos. Já um quinto não é solução de longo prazo. A suspensão, apesar de não ser muito macia, absorve os desníveis do asfalto com eficiência e todos os revestimentos interiores são bem agradáveis. Nota 9.

Tecnologia – Compass Longitude não tem uma grande lista de recursos tecnológicos. Faltam, notadamente, os voltados para a segurança, como frenagem automática, controle de faixa, sensor de ponto cego e outros que deveriam estar presentes em um modelo nessa faixa de preço – não estão disponíveis nem como opcionais. A central multimídia é moderna e faz espelhamento sem cabo através de Apple Carplay e Android Auto, além de contar com GPS interno. O novo motor é bastante avançado e mudou completamente o carro. Nota 7.

Habitabilidade – Como boa parte dos SUV médios, a altura do modelo facilita a entrada e saída do carro e garante um bom espaço para os ocupantes no interior. Os ajustes do banco e da coluna de direção ajudam na hora de buscar a posição ideal para dirigir. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente, com porta-trecos estratégicos. O porta-malas leva bons 476 litros, mas em compensação, o estepe é temporário. Nota 8.

Acabamento – O cuidado do pessoal da Jeep na montagem de seus carros está virando uma tradição. Há pouco plástico rígido visível no habitáculo. A não ser em pontos específicos, todos revestimentos são em material macio, de toque agradável e boa qualidade. A cabine tem algum luxo, com revestimento em couro e detalhes cromados, e se destaca no segmento de SUVs médios. De forma geral, o Compass é bem-acabado, tem um interior agradável e é bem finalizado. Nota 8.

Design – O Compass sempre combinou robustez e refinamento e as mudanças no visual, apensar de sutis, acentuaram ainda mais esta característica. A carroceria tem ângulos graves e as fendas na grade, que ficaram quase quadradas, dão solidez ao conjunto. Elementos como os novos conjuntos óticos full led, os ressaltos dos para-lamas, que salientam a musculatura da carroceria, adicionam um toque de modernidade. É uma boa mistura de elegância e esportividade. Nota 9.

Custo/benefício – O Compass Longitude começa em R$ 166.990, mas a unidade testada traz a pintura azul metálica (Azul Jazz), que adicionou R$ 1.900, e o banco em couro cinza claro (Steel Grey), que acrescenta outros R$ 1.600. No total, R$ 170.490. Atualmente, há SUVs médios de marcas como Volkswagen e Toyota que têm conteúdo semelhante e cobram até um pouco menos, mas são menos potentes e não oferecem o status da Jeep no segmento. Nota 7.

Total – O Jeep Compass Longitude somou 80 pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir

Dinâmica dirigida

                O novo motor GSE 1.3 Turbo do Compass ajudou a definir a vocação do modelo como um carro de asfalto. Ele acelera e retoma forte, andar em velocidades altas sem beber desbragadamente e tem agilidade e rapidez para se virar bem no trânsito. Mas não se pode considerar que a personalidade aventureira foi deixada totalmente de lado. Ele ainda tem uma boa altura livre do solo, de 20,5 cm, e ângulos de entrada e de saída compatíveis com uma vida no campo, de 21,5º e 30,7º. E também conta com o sistema Jeep Traccion Control+, que pode ser acionado quando o sistema de controle de tração é desligado. Neste caso, o módulo de ABS aciona o freio na roda que está patinando transfere o torque para a roda com melhor aderência.

                De qualquer forma, não é essa a proposta do modelo. A ideia é seduzir um público mais pacato, que busca um carro para ocupar a vaga antes ocupada por um sedã, que agora está fora de moda. E esse Compass Longitude T270 consegue oferecer isso por um preço compatível com segmento e com um desempenho mais convincente. Por dentro, o modelo reafirma o lado mais sofisticado da marca, com materiais de boa qualidade, bancos ergonômicos e diversos equipamentos de conforto. A ergonomia é excelente e o volante tem boa pegada. A visibilidade traseira é obstruída pelas grossas colunas, mas os retrovisores compensam em parte pela boa curvatura da lente. Recursos como chave presencial e sensores de luz, chuva e obstáculos traseiro facilitam o dia a dia, mas não colocam o modelo em um patamar de luxo. O sistema multimídia é bem amigável, com GPS interno, e tem uma excelente interface que dispensa cabo no espelhamento de celular.

                Mas o sempre chamou atenção no comportamento do Compass é a consistência dinâmica. Mesmo com o motor Tigershark, a qualidade de rodagem do modelo era exemplar. Agora ele adiciona mais vigor e agilidade com o motor turbo flex. Além disso, mostra solidez ao enfrentar curvas, buracos e desníveis e tem uma direção bastante comunicativa e precisa. Já a transmissão não parece estar à altura desse novo motor. Ela tem um escalonamento muito aberto, com as marchas muito espaçadas, para poder colocar as duas últimas, 5ª e 6ª, como sobremarchas. Um câmbio de nove marchas, como o da versão turbodiesel, tornaria os ganhos de velocidades mais consistentes e suaves. Mais de acordo com a proposta elegante do modelo.

 

Ficha técnica

 

Jeep Compass Limited 4X4

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.332 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Com com sistema Jeep Traccion Control+, que limita a patinação das rodas. Tração dianteira.

Potência máxima: 180/185 cv a 5.750 rpm com gasolina/etanol.

Aceleração de zero a 100 km/h: 9,3/9,7 segundos com etanol/gasolina.

Velocidade máxima: 204/206 km/h com gasolina/etanol.

Torque máximo: 27,5 kgfm a partir de 1.750 rpm.

Diâmetro e curso: 70 mm x 86,5mm. Taxa de compressão: 10,5:1.

Suspensão: Dianteira McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora. Traseira McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos nas quatro rodas com assistência de partida em rampa.

Pneus: 225/55 R18.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,42 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,65 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais laterais e de cortina.

Peso: 1.585 kg em ordem de marcha.

Capacidade do porta-malas: 476 litros.

Tanque de combustível: 60 litros.

Produção: Goiana, em Pernambuco.

Preço base da versão: R$ 166.990.

Preço do modelo testado: R$ 170.490.

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