FECAP - Assessoria de Imprensa
Uma foto publicada nas redes sociais por Kate Middleton causou polêmica e acendeu uma discussão sobre manipulação da imagem. A saúde da princesa de Gales está envolta em mistério, desde que passou por uma internação em janeiro, e depois não foi mais vista em público.
Segundo tabloides, por recomendação médica, a integrante da Família Real deve ficar em repouso e longe de compromissos oficiais até a Páscoa. Mas no Dia das Mães no Reino Unido, o domingo 10 de março, ela surgiu em uma foto com os filhos.
A imagem logo se espalhou pelas redes sociais e sites de notícias, e as pessoas começaram a reparar em detalhes da imagem que apontam para manipulação da foto. Em forma de protesto, agências de notícias de todo o mundo retiraram a imagem do ar, o que obrigou a própria princesa a pedir desculpas e admitir que ela mesma teria editado a foto, “como muitos outros fotógrafos amadores”.
Segundo a coordenadora do curso de Graduação em Relações Públicas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Paula Barros, quem maratona The Crown sabe dos muitos ‘erros’ de RP da monarquia.
“A ausência de transparência sobre o caso do sumiço da princesa Kate levou os súditos a criarem suas próprias narrativas e o reaparecimento dela, a partir de uma foto manipulada, reacende as teorias e repercute ainda mais devido ao silêncio adotado até agora. Qualquer comunicado depois dessa trapalhada seria em vão. Quem vai acreditar? O melhor é sempre ser transparente, informar e encarar a verdade.” diz a especialista.
Na avaliação de Paula, historicamente, a Família Real adota uma estratégia de blindagem dos seus membros, com uma comunicação unidirecional, ou seja, aquela que não prevê troca e somente informa. Manter a estratégia de blindagem apoiando-se em comunicados únicos e muitas vezes esvaziados faz com que os boatos apareçam, viralizem e passem a se tornar até a verdade oficial dos fatos.
“A Família Real normalmente usa a assessoria de imprensa para disparar comunicados oficiais aos jornalistas. Quando vivíamos no ambiente 100% analógico, utilizar somente essa estratégia era mais eficiente; mas agora, com o ambiente digital, há a possibilidade de os súditos especularem, ver e, principalmente, compartilharem informações e fotos dos membros para além da comunicação oficial deles e é aí que está o problema. Eu costumo dizer que, quando não se tem a informação oficial, os próprios públicos se encarregam de criar”, opina a docente.
Nesse cenário, a área de relações públicas precisa estabelecer a comunicação oficial, e os públicos das organizações precisam conhecer e saber onde encontrar essas informações. Mas, além disso, é muito importante estabelecer uma comunicação dialógica, de troca, de reciprocidade.
“A abundância de informação oficial gera uma poupança relacional que pode ser capaz de garantir estabilidade de imagem até em momentos de crise. A ausência deste modelo é hoje o maior erro da comunicação da monarquia. Para amenizar os ruídos na comunicação, é importante mapear de onde vem os ruídos, monitorar e encarar com a verdade, caso seja necessário”, acrescenta.
A professora universitária lembra que, atualmente, a maior inimiga da comunicação é a disseminação das Fakes News. E quando a própria área de comunicação da Monarquia divulga uma foto alterada em meio a um momento de grande especulação e após um longo período sem informações oficiais do estado de saúde da princesa, esse pacto é quebrado “Sou a favor dos profissionais de comunicação usarem as tecnologias e ferramentas de inteligência artificial, mas desde que responsabilidade. É preciso lembrar que profissionais de comunicação lidam com informações sigilosas e inseri-las dentro destas ferramentas pode gerar um grande prejuízo. Além disso, ao usar a inteligência artificial, creio que valha a pena avisar os públicos. Combater a desinformação e as fakes News é um pacto que todos os profissionais da área devem fazer”, finaliza Paula.