Por Christopher Alves*
2033. Conforme estabelece o Marco Nacional do Saneamento Básico (Lei 14.026/2020), os municípios brasileiros têm pouco mais de nove anos para universalizar estes serviços essenciais. As metas foram firmadas com o objetivo maior de resguardar a saúde, a qualidade de vida das pessoas e a conservação dos recursos naturais. Metas absolutamente necessárias para mudar o cenário nacional em que, segundo o ranking Trata Brasil divulgado em 2023, aproximadamente 100 milhões de pessoas estão fora da cobertura do serviço de esgotamento sanitário doméstico e 35 milhões, do abastecimento de água tratada.
As informações, divulgadas este ano, são referentes a 2021 e evidenciam que ampliar o acesso ao saneamento básico permanece com o status de necessidade urgente, o que podemos perceber com clareza ao observar a realidade de grande parcela dos municípios brasileiros. Em muitos deles, infelizmente, água e esgoto ainda não entraram na agenda prioritária. Como resultado, o que se vê é a saúde prejudicada e a natureza em risco, isso sem falar nos danos à economia e ao desenvolvimento.
O desafio de universalizar os serviços de saneamento básico no país é enorme e exige, entre outros fatores, capacidade técnica e econômica para enfrentá-lo. A união de esforços entre entes públicos e a iniciativa privada é o caminho mais eficaz para conseguir alcançar tal objetivo. Segundo a Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Água e Esgoto (Abcon Sindcon), a participação privada no saneamento básico aumentou dos 9,1% registrados em 2022 para 15,3% em 2023, com a população atendida pelo segmento passando de 21,7% para 24,2% no período.
Ao observar as mais de duas décadas em que atuo no setor, vejo com otimismo a fase em que estamos vivendo
Além de gerar excelentes resultados coletivos, a ampliação da cobertura de saneamento básico traz conquistas individuais extremamente importantes, dentre as quais costumamos destacar a dignidade. O acesso à água na torneira e ao esgotamento sanitário é capaz não apenas de melhorar, mas de mudar a realidade das famílias que necessitam dos serviços, sobretudo em função dos ganhos em saúde. Aonde o saneamento chega, a ocorrência das chamadas “doenças de vetor hídrico”, como a diarreia, diminui fortemente, assim como suas consequências (internações e mortes).
Ao observar as mais de duas décadas em que atuo no setor, vejo com otimismo a fase em que estamos vivendo. Temos muito trabalho a fazer, este ano acrescido dos reflexos dos extremos climáticos, mas sabemos que é possível avançar. A priorização do saneamento básico tem aumentado em Mato Grosso e sabemos que essa escolha só trará efeitos positivos. Cidades saneadas atraem e comportam mais investimentos, potencializam a geração de empregos e renda e melhoram a qualidade de vida das pessoas. Saneamento transforma realidades.
*Christopher Alves é diretor operacional da Águas Alta Floresta.