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Artigo Quarta-feira, 06 de Junho de 2018, 00:00 - A | A

06 de Junho de 2018, 00h:00 - A | A

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Lixões são retratos do descaso ambiental e do retrocesso



José Vieira do Nascimento

Legal que a prefeitura de Alta Floresta está comprando três caminhões para fazer a coleta de lixo. Antes, o município não tinha os veículos para realizar este serviço, porque a frota está sucateada. A grosso modo, o que parece ser um avanço, na verdade merece uma reflexão sobre o atraso que verificamos em um setor que deveria ser prioridade, o saneamento básico e coleta seletiva. Considerando o fato de haverem dificuldades até para recolher o lixo, a solução para este grave problema está distante de acontecer.  
A realidade de Alta Floresta, que não consegue dar a destinação ambientalmente adequada para o lixo produzido pela população, é a mesma da maioria absoluta dos municípios do estado de Mato Grosso, que não se esforçou para cumprir com o Plano de Gerenciamento de resíduos, que acabaria com os lixões à céu aberto, locais que disseminam a contaminação do solo, o lençol freático e causam doenças na população.  
5 de junho é o dia Mundial do Meio Ambiente e esta data deveria servir de alerta para todas as pessoas, principalmente para os atores públicos, educadores que tratam com as crianças, adolescentes e jovens, sobre saneamento básico e a destinação correta do lixo que produzimos.
Preserva a natureza não é apenas não derrubar as florestas. Uma cidade que almeja se desenvolver, deve implantar aterro sanitário, acabando com os lixões, criar a coleta seletiva do lixo para dar a destinação adequada para cada resíduo, e educar suas crianças, para que elas se tornem cidadãos conscientes. 
O problema parece complexo, mas na verdade, a maioria dos gestores faz vista grossa para esta questão. 
Se aproveitam porque sabem que grande parte da população ainda é do tipo que joga latas de cerveja e refrigerante pela janela do carro. Entretanto, a partir do momento que temos cargos públicos, temos responsabilidades de fazer o que é certo e de conscientizar a sociedade. 
Cabe aos agentes públicos criar os meio para a população ter acesso ao saneamento básico e a coleta seletiva de lixo. 

Não vale a desculpa de o problema estar presentes em todas as regiões do Brasil. [O país tem mais de 3 mil lixões e menos de 700 aterros sanitários regularizados. 34 milhões de pessoas não tem acesso a água potável e 43% da população não tem rede de esgoto]. 
Apesar da solução parecer distante, na região norte de Mato Grosso, os municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso, Vera e Taparah, encontraram a solução para o problema e fazem a coleta e descarte dos resíduos conforme determina a legislação ambiental.
E não adianta fechar os olhos para esta triste realidade! Cabe ao setor público encontrar uma solução, talvez até de forma conjunta e compartilhada, com blocos de municípios de uma mesma região, procurando um meio de se adequar e dar a destinação correta para seus lixos e resíduos, garantindo saúde pública, qualidade de vida e preservação ambiental.  
O problema do lixo não deve ser tratado com demagogias políticas. Não temos mais tempo a perder. Os agentes públicos devem agir com responsabilidade, respeito ao Meio Ambiente e a própria sociedade, buscando um meio de acabar de vez com os lixões. 
Uma usina de reciclagem poder ser implantada para absorver o lixo de vários municípios, ao mesmo tempo que um único aterro sanitário também poderia atender a demanda de várias cidades. E esta solução pode ser lucrativa, contribuindo com a economia. Em alguns países e até em determinadas cidades brasileiras, o lixo deixou de ser um problema para se transforma em uma atividade econômica lucrativa.  
Cabe aos gestores pararem de ignorar esta questão. Afinal, estamos no final da segunda década do século 21!

José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
Email: [email protected]

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