José Vieira do Nascimento
A sociedade está dando sinais de maturidade com relação ao exercício de sua cidadania. Com base no que foi expressado nas urnas no dia 15 de novembro, está se processando uma mudança no perfil do eleitor. O cidadão está mais atento e não irá mais tolerar a matulagem de seus representantes na esfera política. Alguns malandros ainda sobreviveram nesta eleição, mas o resultado serve de alerta e reflexão.
Na maioria dos municípios a renovação nas câmaras municipais foi de 80%. Uma vitória da democracia e o sentimento de intolerância do povo com a inércia e a corrupção.
Em Peixoto de Azevedo e Nova Canaã do Norte, respectivamente, apenas um vereador se reelegeu. E assim como em Alta Floresta, em Matupá, somente dois.
Entretanto, após o voto é que vem a parte mais interessante deste processo de transformação. A velha política sempre aposta na falta de envolvimento do cidadão com os que são eleitos. O eleitor muitas vezes nem se lembra em quem votou na última eleição. Mas este comportamento também deve mudar, se realmente o povo quiser que os resultados em benefícios da coletividade, realmente aconteçam.
Pelo que estamos vendo neste período pós eleição, a maioria de quem foi eleito, acha que o voto recebido foi um beneplácito para tomar as decisões que achar conveniente, à revelia da sociedade, sem levar em conta a vontade popular expressada nas urnas. Esses poderão sofrer as consequências nas próximas eleições.
A partir de 1º de janeiro, a sociedade deve se organizar e fazer o acompanhamento do trabalho de prefeitos e vereadores, para se certificar se seus planos de governo e suas propostas de campanha estão sendo postas em prática. Tão importante como a renovação é a qualidade dos eleitos para cumprir seu papel de representantes da sociedade.
Para a mudança se concretizar, o eleitor deve ir além de seu voto. Terá que participar das decisões políticas, cobrando, criticando e também apoiando quem ajudou a eleger.
O parlamento municipal é o lugar para os debates importantes, onde se traçam os caminhos do município e a construção dos projetos, que visam contemplar as demandas da sociedade. Portanto, vereadores não devem entregar suas autonomias ao poder executivo em troca de vantagens e interesses pessoais.
O Poder Legislativo deve ser um poder independente e não alinhado ao poder executivo. Somente com uma postura com base em valores republicanos, vereadores cumprirão o seu papel de fiscalizador, legislador e de representantes, de fato, dos interesses da coletividade.
Não se trata de ser situação ou oposição. No entanto, o equilíbrio do parlamento e a postura ética de seus membros são ingredientes que irão contribuir, sobremaneira, para uma administração que entregue resultados para a sociedade.
De qualquer forma, o recado foi dado pelas urnas, por mais que alguns não acreditem. O comportamento de muitos eleitores com relação a quem foi eleito, será de observação e vigilância. E quem não souber administrar o mandato, dificilmente será reeleito.
José Vieira do Nascimento é editor responsável de Mato Grosso do Norte, Email: [email protected]