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Artigo Segunda-feira, 16 de Setembro de 2019, 00:00 - A | A

16 de Setembro de 2019, 00h:00 - A | A

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Os Bolsonaro e a democracia



Renato de Paiva Pereira  

O filho do Presidente, Eduardo Bolsonaro, não transgride a lei quando posa armado para foto ao lado do pai no hospital. Também não comete crime ao aparecer no dia seguinte portando a mesma arma em reunião com empresários na sede da Firjan, no Rio de Janeiro. Como escrivão da Polícia Federal tem a prerrogativa de portar arma, só não lhe ensinaram a diferença entre direito e conveniência.
O fato perturbador é o gosto de um futuro embaixador de exibir armas em ambientes tão inapropriados como um hospital e uma reunião empresarial e a infantilidade de passar a mensagem que está protegendo o pai temporariamente indefeso.
É possível que esse despropósito tenha algum efeito sobre a sabatina que ele enfrentará daqui a alguns dias do Senado, onde busca aprovação para ocupar a mais importante Embaixada Brasileira, que é a dos Estados Unidos. Certamente os senadores não deixarão de questionar sua aptidão para o cargo, porque ele parece mais um xerife confiante no seu Colt do que um embaixador, cuja arma é a palavra.
No mesmo dia outro filho do Presidente, este vereador pelo município do Rio de Janeiro, publica nas redes sociais texto afirmando que pelas vias democráticas o País não conseguirá sair do buraco com a rapidez desejada. Sugere sem sutilezas que a ditadura seria a melhor solução.
Tristes dias, o Pai fala que a primeira dama da França é feia, dissemina ideias conspiratórias sobre interesses na Amazônia e afronta nossos clientes internacionais em vez de conquistá-los. Internamente também desnecessariamente fala contra minorias como homossexuais, quilombolas e indígenas. 

Um dos filhos candidato a embaixador, cuja principal arma é a diplomacia, o diálogo  e  a argumentação serena exibe-se como pistoleiro de faroeste. O outro, tido como expert em comunicação nas mídias sociais, sugere que a ditadura é o melhor caminho para o País.

Será que estão seguindo instruções do pai que há poucos dias, também em post enigmático, disse que se ele levantar a borduna muitos o seguirão?  
Pode também ser, como argumenta o ex-ministro Gustavo Bebiano, um balão de ensaio, para sentir a reação da população diante possíveis rupturas institucionais.
Não creio que a família esteja armando alguma conspiração diante da recorrente perda de apoio popular do Presidente mesmo porque as ditaduras estão tão fora de moda que qualquer pessoa com mínima dose de bom senso não se arriscaria por esse caminho.
Mas como bom senso é virtude rara, embora todos achem que o tem de sobra, não custa ficar com um pé atrás e principalmente repudiar com veemência sugestões de indesejadas rupturas. Para estimular nosso cuidado precisamos ter em mente que os três homens fortes e principais conselheiros do Presidente são o zero um, o zero dois e o zero três, e que os quatro se alimentam da mesma tigela.  
 
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor

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