Ilson Machado
Mato Grosso do Norte
Durante a realização da Varanda Criativa, na sexta-feira, 8, na Praça da Cultura em Alta Floresta, aconteceu o lançamento do livro “Percepções do Luto e a Partir Dele”, da escritora Cleci Shaefer Wons.
Foi na realidade uma noite de autógrafos para a pedagoga, que após a morte do pai, e momentos difíceis, deixou a cidade de Toledo/PR. E junto com a mãe e irmãs veio em busca de novas oportunidades em terras mato-grossenses.
Cleci recorda que o início da nova vida não foi fácil. A família optou por morar no distrito do Trivelato, também conhecida como Alto Paraíso, naquela época sem energia elétrica e água encanada e com estradas que formavam muitos atoleiros na chuvarada, dificultando a tão sonhada melhora de vida da família.
Em 1989 conheceu Gilmar Vons, com quem ficou casada até novembro de 2023. O casal teve dois filhos, Patric Ronaldo Wons e Pablo Renan Wons, ambos foram vítimas de latrocínio no dia 29/06/2016 em São José do Apuí.
Durante entrevista ao Jornal Mato Grosso do Norte, a escritora lembra como recebeu a notícia da tragédia que se abateu sobre sua família.
Para ela um compromisso que nenhuma mãe quer comparecer. Ou seja, o sepultamento de um filho, no caso de Cleci foram duas inestimáveis perdas
“O pai dos meus filhos é quem me deu a notícia, apesar que minha casa já estava cheia de gente, ser tarde da noite, meus filhos não tinham voltado e eu já desconfiar que algo tinha acontecido. Ninguém quis me dar a notícia até que o Gilmar chegou e disse: Mãe do céu mataram nossos dois filhos! Eu só consegui dizer: Mas os dois? A dor de enterrar um filho é uma das piores dores do mundo. Enterrar dois ao mesmo tempo nem em meus piores pesadelos pensei em passar por situação parecida. Pensei mesmo que não iria sobreviver”, relata Cleci.
Para aliviar a tensão e sofrimento, ela começou a escrever crônicas e publicar em uma página do Facebook como uma forma de terapia. A sua primeira e mais emblemática de todas as crônicas, destacou o momento de sua maior dor. Para ela um compromisso que nenhuma mãe quer comparecer. Ou seja, o sepultamento de um filho, no caso de Cleci foram duas inestimáveis perdas.
A Crônica teve um engajamento muito grande do público, foram muitos feedbacks que a escritora fez questão de responder um por um. A escrita a fez seguir em frente, vencendo os pensamentos disfuncionais, dolorosos e depressivos.
“Isso além de me confortar por ver que as pessoas se importavam em me motivar, eu continuar escrevendo. Então veio a inspiração para escrever o livro, cujo conteúdo é minha jornada do processo do luto e o caminho do autoconhecimento que trilhei para conseguir entender e perceber a realidade”, explica Cleci.
foto/ Mato Grosso do Norte
Autora durante a noite de autógtrafo de seu livro no Centro Cultural de Alta Floresta
A escritora fala que o livro tem como objetivo principal mostrar que’ precisamos buscar apoio sempre que necessário’.
“Buscar aquilo que faz significado para cada um de nós, não tem uma receita, o luto é vivido de forma individual", diz. "Sempre gostei de ler e na adolescência devorava livros. Era minha válvula de escape nos momentos difíceis. Na medida como fui melhorando comecei a escrever crônicas sobre Educação de filhos e o papel da escola, pois sou pedagoga de formação e hoje tenho um livro publicado que vai trazer palavras de conforto e, principalmente, de orientação as pessoas que estão passando pela mesma dor, pelo mesmo sentimento que passei. Não deixe de ler “Percepções do Luto" e a Partir Dele”, finaliza a pedagoga e escritora.
