Djacy Lourenço dos Santos é casado há 51 anos, dos seus 72 de vida, com a dona Isaura Guilherme dos Santos, um ano mais velha que ele. Isaura vem enfrentando dificuldades para fazer atividades mais simples, como costurar as roupas dos filhos e do marido - hábito que teve por toda a vida - por conta da perda parcial da visão decorrente do pterígio e, ainda, da catarata nos dois olhos.
“Para eu enxergar bem, é preciso deixar a luz acessa até de dia. Ver é a melhor coisa do mundo e eu quero voltar a costurar, se Deus quiser”, desabafa a dona de casa.
Apesar de morar em Alta Floresta (800 km ao Norte de Cuiabá), cidade sede da 7ª edição da Caravana da Transformação, Djacy decidiu que seria o primeiro da fila. Ele foi para a entrada do evento na tarde do dia anterior à abertura, com medo de perder a chance de resolver o problema da esposa.
Um medo normal, mas desnecessário, já que são realizados pré-agendamentos pela Secretaria Municipal de Saúde para que todos sejam atendidos, independente da ordem de chegada, ou seja, não é necessário estar no local antes. O recomendado é que os pacientes que irão passar por exames para cirurgia estejam no local às 5h.
“Vim antes para pegar o primeiro lugar e ter certeza que não iria perder a chance de conseguir atendimento, já que não temos condições de pagar pela cirurgia e ir para Cuiabá é muito custoso também”.
O motorista aposentado, que também tem catarata e indicação para cirurgia, adiantou que não faria o procedimento se não tivesse condições de cuidar da esposa no pós-cirúrgico, mas, após passar pelos exames decidiu agendar o procedimento e aproveitar a oportunidade trazida pela Caravana da Transformação. As cirurgias dele e da esposa foram marcadas para quinta-feira (08.06).
Assim como seu Djacy e dona Isaura, os companheiros Maria da Guia Teles Rodrigues, de 66 anos, e Manoel Rodrigues de Araújo, de 69 anos, aproveitaram a oportunidade que o Governo do Estado oferece com a Caravana da Transformação para resolver um problema antigo nos olhos do casal.
Ele sofre com catarata e pterígio há anos. Ela tem apenas catarata recente. Manoel estava praticamente cego do olho direito há dois anos, quando decidiu juntar as economias e fazer a cirurgia de catarata com médicos particulares. “Consegui fazer no olho que estava pior, mas o dinheiro só deu para fazer nesse”, conta ele, relatando que enxerga apenas vultos com o olho esquerdo.
“Meu sonho é sarar a visão e voltar a ver bem, pois já venho sofrendo há 15 anos com isso”, relata o aposentado.
Maria se queixa da dificuldade com a pouca visão e os agravantes. Para ela, o uso dos óculos ajuda a melhorar a situação. Ainda assim, a dona de casa relata que a doença a incomoda todos os dias. “A luz é muito ruim para mim, é horrível”.
O casal afirmou que aguardava uma oportunidade como essa há algum tempo. “Finalmente, poderemos voltar a ter uma vida normal juntinhos, um cuidando do outro”, disse dona Maria.
Após a cirurgia, marcada para quinta-feira (08.06), os dois serão cuidados pelo filho e pela nora.