Mirella Duarte
Num período que o surto de malária dominava a região Norte de Mato Grosso, irmã Adelis era bem vista por todos moradores de Matupá. Antes, ela foi uma das fundadoras de Vera em meados de 1972. Em 1985, mudou-se para Mtupá. No entanto, foi nos anos 90 que seu nome passou a ser associado com de uma divindade, sendo chamada até de Anjo Adelis.
O pesquisador Francisco Carlos Vieira, de 59 anos, que hoje mora em Peixoto de Azevedo, mas que, na época que a irmã fazia benfeitorias em Matupá, também estava por lá.
Francisco conta que conheceu a irmã enquanto trabalhava em um laboratório da Organização Mundial de Saúde (OMS), regido pela Funasa, com a coleta de substâncias para análise e controle da malária. “Ela nos ajudava com doações de roupas, comida, medicando os enfermos pela região e espalhando mensagens de muito amor e fé”, conta Vieira.
Adelis, que assinava o nome civil como Adelheid Helena Schwaenen, porque era alemã, tinha um semblante leve e sempre carregava um sorriso no rosto.
O clima era intenso e caótico, mas como se vivesse em outra atmosfera, ela seguia serena. “A malária era a doença tropical que mais matava naquelas décadas, a feroz fêmea do mosquito anofelino”, continua Francisco.
Irmã Adelis seguia em suas orações, muitas mortes não a fizeram perder a fé. Seguia como ombro amigo, quase uma faceta de Maria, sendo cuidadora de milhares de garimpeiros e demais moradores do “Nortão”, vítimas da malária.
Por conta de seus cuidados, além de uma mensageira da esperança em tempos de enfermidade tão sombrios, Adelis foi homenageada com nome de avenidas, um memorial em Matupá, além da construção da Casa de Apoio Irmã Adelis. No fim da vida, já enferma e muito debilitada, Irmã Adelis foi para Maringá no Paraná. Faleceu em 24 de fevereiro de 1998.