ICV
Maior fornecedor de madeira nativa do Brasil e responsável por metade da produção total da Amazônia, Mato Grosso somou mais de 88,3 mil hectares de florestas exploradas ilegalmente entre agosto de 2019 e julho de 2020.
Os números fazem parte do estudo "Mapeamento da ilegalidade na exploração madeireira em Mato Grosso em 2020", lançado na sexta-feira, 22, pela Rede Simex, que reúne Instituto Centro de Vida (ICV), Imazon, Idesam e o Imaflora.
O levantamento aponta que, embora com tendência de redução dos últimos anos, a proporção de ilegalidade segue em um preocupante patamar de 38% do total de áreas exploradas no período - ou seja, de cada dez hectares explorados no Estado para atender aos mercados nacional e internacional de madeira, em torno de quatro não foram autorizados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT).
O número da ilegalidade representa um aumento de 10% em relação ao ano passado, que somou 37% do total da exploração madeireira feita de forma ilegal entre 2018 e 2019.
A atividade madeireira no estado é base econômica de 44 municípios e contabiliza 3,8 milhões de hectares de área sob manejo florestal, com cerca de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
Com toda sua relevância socioeconômica e ambiental, o setor florestal tem o desafio de se ver livre das práticas ilegais. A publicação aponta que o índice é preocupante.
“O suficiente para contaminar e impedir a valorização e comprovação da produção legal, criar uma concorrência desleal para as empresas que trabalham na legalidade e acarretar uma série de prejuízos ambientais, como a perda da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos e a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs) que contribuem para o agravamento da crise climática”, discorrem os pesquisadores.
Em Mato Grosso, a extração, coleta, beneficiamento, transformação, industrialização, consumo, comércio, transporte e armazenagem de produtos florestais são registrados no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora).
Para a análise da legalidade das explorações mapeadas em 2020, foram verificadas 482 autorizações de exploração florestal emitidas pela Sema/MT.
O número simboliza um aumento de 33% em relação a 2019, quando foram atingidos 8 mil hectares
Do total explorado no período, 62%, o correspondente a 145,9 mil hectares, foi realizado legalmente, ou seja, com autorização válida e dentro da área autorizada.
As áreas protegidas responderam por 10,7 mil hectares de áreas exploradas ilegalmente em 10 terras indígenas (TIs) e 7 unidades de conservação (UCs). O número simboliza um aumento de 33% em relação a 2019, quando foram