Jornal Mato Grosso do Niorte
Reportagem
Edemar Savariz
O município de Paranaíta surgiu em 29 de junho de 1979 de um projeto urbano rural elaborado pela colonizadora INDECO S/A. Pouco tempo depois, com a descoberta do ouro, o município cresceu rapidamente de uma forma desenfreada e desorganizada, chegando a uma população de, aproximadamente, 35 mil habitantes.
Em 13 de maio de 1986 o município foi emancipado politicamente, deixando de ser distrito de Alta Floresta. Hoje, sua extensão territorial é de 5.000 Km2. E segundo o Censo de 2010, Paranaíta tem 13.000 habitantes.
Município do extremo norte mato-grossense, localizado no bioma amazônico, Paranaíta se destaca com um grande potencial turístico. Possui o Sítio arqueológico da Pedra Preta, conhecido por ter um dos maiores painéis de pictogravuras do Mundo, além de belezas incomparáveis dos rios Teles Pires, Rio Paranaíta e grandes lagoas de águas cristalinas e uma grande riqueza de fauna e flora.
Neste cenário, ainda pouco explorado pelo município e de grande potencial econômico, surgiu o Grupo Gestor de Turismo, para alavancar esta prática econômica na região. Para o coordenador do grupo, Erico Helmut Baukat, um dos trabalhos e a transição para o COMTUR – Conselho Municipal de Turismo. “A partir do Grupo Gestor nós estamos encaminhando para a criação do COMTUR, que é o órgão que vai conseguir trabalhar com mais eficácia a questão do turismo, porque ele passa a ser um órgão deliberativo”, disse Erico.
Para Erico, Paranaíta é privilegiada por estar no bioma Amazônico. “A Amazônia é uma joia preciosa e nós precisamos lapidar. Nós temos uma rica diversidade de possibilidades. Paranaíta é um referencial na pesca esportiva e vai continuar sendo por muitos anos. Sabemos que esta atividade já vem sendo trabalhada há muito tempo e muitas pessoas de diversas partes do mundo conhecem a nossa região, através deste atrativo turístico, que vem para pescar os grandes peixes do Rio Teles Pires. Mas além disso, existem uma série de atividades turísticas que precisam ser desenvolvidas e exploradas na região”, complementa Erico.
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS - Dentre as riquezas do município se destacam os grandes sítios arqueológicos, sendo o mais conhecido o da Pedra Preta, sendo destaque em matérias em jornais e revistas de muitos lugares do mundo e do Brasil. “Paranaíta tem esse patrimônio que está passando pelo processo de tombamento, que poderá ser declarado como Patrimônio da Humanidade”, informa Erico.
“Além da Pedra Preta, o município tem outros sítios arqueológicos que retratam indícios de povos antigos que passaram por aqui. Isso é algo que Paranaíta tem de precioso, que é essa riqueza arqueológica. A gente ainda pode trabalhar muito fazendo com que esses sítios sejam pontos turísticos do município”, enfatiza.
RIOS – Paranaíta é cercada pelo Rio Paranaíta e Rio Teles Pires e seus afluentes. O Teles Pires é um importante rio brasileiro que banha os estados de Mato Grosso e Pará. É um dos melhores rios do mundo para a pesca, servindo de morada para grandes peixes como Jaús, Pintados, Dourados e Pirararas.
“Além da pesca, o Teles Pires tem muitas belezas naturais incomparáveis, abrigando uma enorme quantidade de fauna, e no período da seca, seu leito formam belas praias. Além de lagoas de águas cristalinas, que são lugares que podem ser explorados para atividades turísticas.
ECOTURISMO – Outro potencial de Paranaíta é o ecoturismo, voltado para a Amazônia. “Um turismo para a gente entender e visualizar a Amazônia na nossa região. Através do ecoturismo um dos grandes pontos que tem avançado e com tendência de avançar cada vez mais é a observação de aves. As aves estão praticamente em todos os lugares. Se nós abrirmos nossa audição, podemos ouvir o canto das aves até no nosso local de trabalho”, disse Erico.
“Existem pessoas de todas as partes do mundo que tem desejo de vir para a região para conhecer as nossas aves, que são diferentes das aves dos outros locais. No Brasil há catalogadas uma biodiversidade de 1902 espécie de aves e somente na nossa região é possível visualizar mais de 600. Nós temos uma biodiversidade, uma riqueza muito grande que pode ser explorada”, reitera.
Erico informa que esta atividade está sendo trabalhada no município. “Neste aspecto, estamos criando pontos municipais de observação de aves. Onde qualquer pessoa, que tem interesse em conhecer essa arte, esse ramo do turismo, pode estar visualizando. Porque a gente entende, que a observação de aves tem que começar pelo nosso povo, pelas pessoas que estão aqui”, comenta.
“Os turistas vem de fora para conhecer as nossas aves e nós não entendemos a riqueza que temos com essa atividade. Isso pode se tornar um mercado turístico muito forte para a região nos próximos anos”, complementa Erico.
AMAZÔNIA – Paranaíta está localizada no bioma amazônico, fazendo com que o município ofereça uma diversidade muito grande para o turismo. “Nós temos a possibilidade de fazer com que as pessoas vivenciem o turismo de uma forma diferente, conhecendo aquilo que é hoje um dos grandes patrimônios que nós temos, que é a Amazônia com todas as suas riquezas, tanto de fauna quando a flora e tudo mais que se reserva dentro da Amazônia. Por exemplo, os sítios arqueológicos, toda a questão hídrica que são os nossos rios, tudo o que está relacionado a nossa região”, Disse o coordenador do Grupo Gestor de Turismo.
“Eu costumo dizer que o turismo só tem sentido quando a pessoa consegue identificar os 5 sentidos. Se a pessoa vem para a região e ela consegue visualizar, ouvir o que tem ao seu redor, experimentar através da gastronomia, dos doces típicos da região, do suco do cupuaçu, pegar, sentir através do tato, até mesmo a espessura de uma folha, o chão da floresta. Essa experiência que perpassa os sentidos é que vai fazer com que ela lembre de uma forma mais efetiva do que ela vivenciou aqui”, enfatiza.
Erico explica que como coordenador do Grupo Gestor de Turismo, essa comparação do turismo com os 5 sentidos é salientada. “Porque quando o turista sente o cheiro, quando ele vê aquela ave, a cor, a planta, instantaneamente faz com que ele lembre do lugar onde ele esteve. E nós pregamos muito isso, porque faz com que as pessoas que vem para Paranaíta saiam com uma vontade de ficar. Que elas saiam daqui dizendo que vão ficar com saudades deste lugar”, explica.
LAGO DA USINA – Paranaíta é privilegiada pelo investimento da UHE Teles Pires e um dos grandes legados deixado por este investimento é o lago da usina. Na visão do Grupo Gestor, o turismo voltado para a questão náutica, tem uma tendência muito grande de crescer.
“Logo no início da construção da usina, o velejador Lars Grael esteve na nossa região fazendo palestras sobre o uso deste lago, dos recursos hídricos, justamente para esse tipo de turismo, voltado para o esporte náutico. É uma tendência que só tem a crescer agora. Tendo em vista as potencialidades que estão sendo criadas. Tem que ter uma gestão do uso correto do lago próximo da usina e também dos rios ao redor do lago, para que esse atrativo venha ser utilizado de forma correta e segura para quem vem conhecer a região”, disse Erico.
Para Erico, muitas pessoas talvez não venham para pescar, mais isso não quer dizer que elas não querem conhecer o Rio Teles Pires. “Fazer um passeio de barco, de jet ski e outras inúmeras possibilidades que a gente tem desse turismo voltado para a questão náutica. É uma atividade que pode gerar bons frutos para o município e incrementar o turismo em Paranaíta”, complementa Erico.
FESTIVAL DE PRAIA – O Festival de Praia do município de Paranaíta se consolida como o maior festival do norte de Mato Grosso. “Este evento atrai muitas pessoas de outras cidades que vem para Paranaíta. É um festival que pode ser trabalhado cada vez mais para se tornar um grande marco para Paranaíta”, disse Erico
ARTESANATO - A Floresta Amazônica é rica e de uma forma sustentável ela nos oferece uma diversidade de empreendimentos que possa ser utilizada. Neste contexto, foi criada a Associação dos Artesãos de Paranaíta. “Essa associação foi criada com o intuito de fazer com que o artesanato local passa a ser uma forma significativa para quem passa por aqui. O artesanato confeccionado está voltado para a região, como para a Pedra Preta, com os desenhos das pictogravuras. Há também artesanato com as sementes de nossas árvores, e outros com madeiras que tem chamado muito a atenção daqueles que vem para conhecer Paranaíta. Os turistas levam estes trabalhos como uma pequena lembrança da nossa região”, complementa.
GATRONOMIA – A cidade conta com restaurantes bem preparados para receber os turistas. Além disso, existem outras formas de alimentação alternativa que são oferecidas, que faz com que as pessoas possam vir e experimentar algo diferente do que é de costume em seus lugares de origem. “Os restaurantes tem cardápios com peixes e temperos da região, que só se encontram aqui. Além de pratos preparados especialmente para o festival gastronômico, mas que são servidos aos turistas e são atrativos gastronômicos. Sejam pelos peixes ou pelas especiarias que levam os traços da Amazônia”, explica Erico.
“Quando você vai à algum lugar e experimenta, degusta aquilo que é incomum, trabalha o paladar de forma diferente, toda vez que sentir o mesmo cheiro ou provar o mesmo prato você vai lembrar de onde esteve. Neste contexto a Amazônia pode oferecer para a culinária brasileira diversas especiarias que só encontramos aqui, e os nossos restaurantes estão descobrindo essa alternativa para atrair os turistas”, enfatiza.
“Também temos a associação das doceiras, que tem trabalhado na questão de doces artesanais. Principalmente de doce de castanha e muitos que passam por aqui experimentam e acabam levando uma pequena mostra dessa arte”, complementa.
HOTELARIA – O município conta com vários hotéis e pousadas bem preparadas para receber o turista. Quem vier para Paranaíta, encontra excelentes opções de hospedagem.
ECONOMIA - Para Erico, o turismo em Paranaíta é uma economia rentável e sustentável. “Se nós não pensarmos no turismo como não sendo sustentável e rentável, por si só essa prática vai perdendo o sentido. O comércio, hotelaria, farmácia, mercado, artesanato, doces e mais uma série de atividades econômicas se envolve para receber o turista”, conta Erico.
“Nós estamos encarando a questão do turismo, juntamente com a Teles Pires que foi a grande mentora do Grupo Gestor de Turismo, como sendo a grande herança que nós vamos ter com o término das usinas. Nós temos que trabalhar o turismo, junto com a população e fazer com que seja cada vez mais sólido, rentável e viável para todos. A tendência é fazer com que o munícipio tenha mais renda, mais emprego. Ou seja, pensando na sustentabilidade o turismo é uma prática muito forte que Paranaíta tem e que pode ser um pilar da economia do município”, finaliza.