Ilson Machado
Mato Grosso do Norte
Um artigo de pesquisa assinado pela professora Solange Arrolho, docente de Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT) e demais integrantes da equipe da pesquisa, foi publicado pela revista “Elementa Science of the Anthropocene.
O artigo aponta um dado alarmante com relação ao maior rio de água doce existente em Mato Grosso, o Teles Pires. Os pesquisadores se atentaram para a grande concentração de mercúrio em peixes e na saúde humana.
Considerando que a ingestão de peixes é reconhecida como a principal via de exposição humana ao metil mercúrio (MeHg), os estudos, conforme ela, apontaram o grande risco, principalmente, para a população ribeirinha, para a qual o peixe é a principal fonte de proteína.
De acordo com Solange Arrolho, que esteve participando da 6ª Conferência das Cidades, evento realizado em Alta Floresta, com encerramento nesta terça-feira, 25, o objetivo maior do estudo foi de estimar a concentração de MeHg, com base na concentração total de mercúrio nos músculos de três espécies de carnívoros, tais como os peixes conhecidos como: Bicuda, Piranha e Cachorra, todos coletados no rio Teles Pires.
Os pesquisadores ainda fizeram os cálculos do risco para a saúde humana relacionados ao mercúrio. O artigo relata que os peixes foram coletados em 20 campanhas de campo desde dezembro de 2011 a setembro de 2016 no rio Teles Pires, na área de influência da usina hidrelétrica de Colíder.
E o índice de risco relacionado à ingestão de MeHg através da ingestão de peixe foi calculado considerando que o MeHg corresponde a cerca de 90% de mercúrio em peixes. Não houve diferenças significativas na concentração média de mercúrio entre todos.
foto/ Mato Grosso do Norte

Solange Arrolho, Professora da Unemat
A população pesquisada apresentou valores médios, sugerindo efeitos adversos à saúde e a exposição humana de pessoas da região do Rio Teles Pires, através do consumo de pescado,, que sugere que o mercúrio pode causar efeitos adversos à saúde das pessoas.
As fontes antropogênicas de mercúrio em sua maioria são compostas, principalmente, pela mineração artesanal de ouro, exploração de fósseis, usinas movidas a combustível, ferrosos e não ferrosos, indústrias metalúrgicas, fabricação de soda cáustica, incineradores de resíduos e fábricas de cimento.
O mercúrio também é encontrado em insumos agrícolas amplamente utilizados na agricultura. Em entrevista ao Jornal Mato Grosso do Norte, a professora Solange informou que os rios que cortam o estado, tem graus diferentes de conservação.
“Então temos hoje rios que pode se dizer, que estão completamente impactados por uma série de ações humanas, que vem desde grandes e pequenos barramentos, por liberação de mercúrio, agrotóxicos, até a terra de produções agrícolas que caem nos rios e que já vem com nutrientes, o que interfere na coloração da água”, explica.
Quanto ao rio Teles Pires, a professora Solange, observa que o maior problema é quando o mercúrio natural ou o mercúrio vindo de ações antrópicas se liga aos vegetais no fundo do rio, que por consequência se liga a um peixe, que é consumido por um ser humano, podendo provocar uma contaminação.
Essa, de acordo com a pesquisadora, é a maior preocupação gerada pelo rio Teles Pires, uma vez que as suas águas absorvem o mercúrio descartado pela extração aurífera existente em outras localidades da região. O mercúrio é levado pela corrente e acaba contaminado grande parte do curso da água.