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Atualidades Segunda-feira, 25 de Abril de 2016, 00:00 - A | A

25 de Abril de 2016, 00h:00 - A | A

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Rio Peixoto está morrendo aos poucos, diz pescador

Jornal Mato Grosso do Norte



ditor de Mato Grosso do Norte

O rio Peixoto, um dos mais importantes do Estado de Mato Grosso, enfrenta sérios problemas de poluição e devastação, que ameaçam sua soberania. Nas imediações da Ponte na rodovia BR-163, em Peixoto de Azevedo, área de fácil acesso e frequentada pelos moradores como local de laser, a sujeira é intensa.
Todo tipo de lixo, desde garrafas de plástico, sacolas, copos descartáveis e descartes domésticos são jogadas em suas margens e dentro de seu próprio leito.  A água do rio, que antes era cristalina, hoje, acometida pelo assoreamento, tem cor de barro. As residências e comércios edificados em suas margens, no perímetro urbano de Peixoto, não tem saneamento básico e o esgoto é canalizado para dentro do rio.
Mas esta não é a única ação que há década vem devastando a beleza do rio Peixoto. Os garimpos clandestinos, mesmo agora, ainda persistem e causam grandes estragos e assoreamento em suas margens. Com frequência, operações da Sema e Ibama, desmantelam garimpos clandestinos na região.
O Rio Peixoto é o mais importante afluente do Rio Teles Pires. E tem como seus afluentes os rios Cristalino e Araguaia. É formador da bacia do rio Xingu, onde desagua. 
Até no início dos anos 70, o rio permaneceu intocável. Mas começou a ser afetado, com a abertura da rodovia BR-163, que deflagrou a corrida do ouro em suas margens e em seu leito. 
A BR-163 permitiu o acesso à uma região que antes era totalmente inóspita. E a descoberta do ouro fomentou a criação da cidade de Peixoto de Azevedo, que recebeu este nome em referência a Antônio Peixoto de Azevedo, tenente da Polícia Militar de Mato Grosso, que em 1819 explorou o rio em busca de um caminho alternativo ao Pará. 
E assim, o rio Peixoto sofreu seu primeiro impacto, quando uma população de cerca de 80 mil pessoas, ocupou o local onde hoje é a cidade de Peixoto de Azevedo, em busca de ouro e do enriquecimento fácil. Não havia nenhuma fiscalização dos órgãos do governo e a população fazia suas necessidades fisiológicas nas adjacências do rio, assim como todo o lixo produzido era descartado, sem nenhum critério, na natureza.
 Peixoto de Azevedo era responsável por 10 por cento da produção nacional de ouro, e mesmo com sistema rústicos de extração, produzia 100 mil quilos de outro por mês. 
Passada a fase do outro, o rio sofreu o impacto do desmatamento em suas margens, com a abertura da floresta para a produção agropecuária. A bacia do Xingu, que faz parte da área de influência do Rio Peixoto, conforme dados de um estudo feitos pelos Institutos ISA (Instituto Sócio Ambiental), ICV (Instituto Centro de Vida), e ICCO (Organização Intereclesiástica para Cooperação do Desenvolvimento), teve 33% de seu território desmatado para a produção agropecuária, até em 2007.
 Entretanto, se for excluída as terras indígenas e as áreas de conservação, o número sobe para 43%. E o pior é que o desmatamento ainda não foi estancado. Novos avanços são registados anualmente. 
Garimpos hoje- Com o rigor da fiscalização, o sistema de garimpo passou por modificação, mas não deixa de causar impacto ao rio, mesmo que a atividade só é permitida se estiver legalizada. 
O secretário de Meio Ambiente, Turismo e Mineração de Peixoto de Azevedo, Paulo Dendena, afirma que, atualmente, a atividade garimpeira não causa mais impacto ao rio.

 “O assoreamento foi provocado pelos garimpos antigos, que degradavam e jogavam o material dentro do rio. Hoje as bolsas trabalham na legalidade e causam pouco impacto. As balsas que não se adequarem vão parar”, diz.
Ele explica que todos os garimpos são obrigados a fazer uma bacia de contenção, diferente dos garimpos do passado que usavam o mercúrio dentro da caixa. Hoje, conforme, Paulo, na hora de resumir o ouro, usa-se o resumidor. O processo é feito em um tanque apropriado, com 4 caixas de decantação para o mercúrio não ir para o solo e afetar o Meio Ambiente. E todo os garimpos legalizados são obrigados a ter este sistema, pois este é o principal item para a legalidade. 
Paulo destaca também o trabalho que vem sendo feito pela Cooperativa dos Garimpeiros, que está legalizando os garimpos. 
Quanto a mudança na cor da água do Rio Peixoto,  enfatiza que foi feito análise para verificar a qualidade, e foi constatado que não existe contaminação de mercúrio. De acordo com ele, o que faz a água ficar barrenta, principalmente na época das chuvas, são as águas que escorrem das estradas e das áreas de plantios, para dentro do rio. 
Menos peixe- o presidente da Associação de Pescadores da Colônia Z-21, Luiz Beira Rio, afirma que a produção de Peixe no Rio Teles Pires vem caindo ano após ano. A Colônia de pesca de Peixoto tem 137 pescadores cadastrados. 
“Nos anos 90 pescava-se com facilidade, mas a queda na produção foi de 80%. De 30 toneladas naquela época, hoje a produção média mensal é de 10 toneladas por mês. Mas tem anos que não se pesca mais de 6 toneladas por mês”, enfatiza Luiz.
O pescador prevê um ano de pouco peixe em 2016, porque, segundo ele, o período de estiagem será de uma seca prolongada. Em função deste fator climático, a previsão é que haverá uma queda drástica na produção de pescado. 
 Conforme Luiz, os problemas ambientais enfrentados pelo Rio Peixoto são muitos e graves. Para ele, o rio está morrendo aos poucos e estará totalmente degradado num prazo de 10 a 15 anos. “Se eu dissesse que não tem problemas, estaria mentindo. A Sema teria que fiscalizar”, pontua.
Abastecimento de água - O rio Peixoto é repensável pelo abastecimento de água tratada de 40 mil famílias das cidades de Matupá e Peixoto de Azevedo.
A Nascentes do Xingu administra os serviços de água e esgoto das cidades de Peixoto de Azevedo e Matupá por meio de concessionárias locais. Nos dois municípios, conforme informações da empresa, 100% da área urbana é atendida com abastecimento de água tratada.
“A captação para fornecimento de água nas cidades é proveniente do Rio Peixoto, importante manancial que deve ter seu entorno limpo e protegido, garantindo a preservação dos recursos naturais e o futuro das próximas gerações”, diz uma nota enviada à Mato Grosso do Norte pela empresa. 
População atendida com abastecimento de água: Peixoto de Azevedo: 23.131
Matupá: 15.157”, informa a assessoria da Nascente Xingu. 
Esgotamento sanitário- Em Peixoto de Azevedo e Matupá, a Nascentes do Xingu realiza obras para implantação da rede de esgotamento sanitário. Atualmente, os municípios não possuem a disponibilidade do serviço e a população ainda utiliza sistemas individuais (fossas) para lançamento de esgotos. 
 Com o avanço das obras e investimentos, a meta é que até o final deste ano Peixoto de Azevedo conte com 70% de cobertura do serviço. Já Matupá, em 2017, terá 50% da população atendida.
 “A disponibilidade da rede de esgotamento sanitário será um importante avanço para melhorias nos índices de desenvolvimento humano e social dos municípios”, diz nota da Nascentes Xingu.

 

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