por Geraldo Bessa TV Press
Rosane Svartman idealiza suas novelas a partir de dois conceitos-chave: reflexão e entretenimento. Uma das novelistas mais frutíferas e bem-sucedidas dos últimos anos, ela quer emocionar e divertir o público, mas também levá-lo a algum tipo de movimentação em torno das pautas na trama. Em “Dona de Mim”, a autora enfoca o tema da maternidade sob diversos pontos de vista. “A história fala sobre a maternidade de forma prismática, abordando diferentes possibilidades do que é ser mãe, incluindo a escolha de não ser, e o impacto direto na vida das mulheres da trama”, resume.
Natural de Memphis, cidade estadunidense no Tennessee, Rosane veio para o Brasil ainda criança. Por aqui, se formou em Cinema e se destacou no roteiro e na direção de longas como as comédias “Como Ser Solteiro” e “Mais Uma Vez Amor”. Na tevê, trabalhou na equipe de direção da trupe do “Casseta & Planeta – Urgente!” e no roteiro de séries como “Dicas de um Sedutor” e “Guerra e Paz”. Após ser roteirista por duas temporadas de “Malhação”, acabou sendo escalada para o complexo horário das sete, função em que mostrou seu talento para o ofício com o êxito de tramas como “Totalmente Demais”, “Bom Sucesso”, e especialmente, “Vai na Fé”. “Uma novela das sete tem como ingrediente muito importante a mistura de gêneros, pois temos um público muito diverso, com adultos, crianças e adolescentes na frente da televisão nesse horário. Então, a história precisa ter um pouco de humor, de drama, de aventura, além de gerações diferentes retratadas para conseguir engajar todas as camadas do público”, ensina.
P – Com “Bom Sucesso” e “Vai na Fé” no currículo, você hoje é uma das autoras mais bem-sucedidas do horário das sete. Como isso influencia ao criar uma nova história?
R – Não carrego o êxito desses trabalhos como um peso, mas é claro que existe uma expectativa. Sigo com o mesmo método de trabalho e acredito que a criação está ligada ao instinto. Minha meta a cada novela é ter a sensibilidade de intuir o espírito do momento, os assuntos de interesse, as trajetórias e os personagens que a sociedade deseja acompanhar.
P – O que você entrega ao público em “Dona de Mim”?
R – Através da Leona (Clara Moneke), a história fala sobre a maternidade de forma prismática, abordando diferentes possibilidades do que é ser mãe, incluindo a escolha de não ser, e o seu impacto direto na vida das mulheres da trama. A protagonista é uma personagem que entra em um buraco e consegue sair dele transformada, uma gigante.
P – Como assim?
R – A Leona é uma mulher que passou pelo trauma de ter uma gravidez tardia interrompida. Ela já tinha comprado roupinha, feito chá de fralda, já se sentia mãe. E, quando ela perde essa criança, abre mão de tudo. Do casamento, da faculdade, ela realmente não consegue seguir adiante. Mas essa é a história pregressa da Leo. Quando a trama começa, ela é uma mulher batalhadora e alto-astral que tenta esconder sua dor, mas nem sempre consegue. A trajetória dela na novela é de superação dessa dor. O título está relacionado a esse esforço de tentar tomar as rédeas de sua vida em uma sociedade acelerada e repleta de violências.
P – Que outros assuntos a novela também vai abordar?
R – Além das diversas formas de maternidade, vamos falar de segurança pública, envelhecimento, saúde mental, esporte e outros temas que provocam conversa, mostrando pontos de vista e reflexões. Tudo isso sem deixar de lado o entretenimento e o objetivo de contar uma boa história.
P – A Clara Moneke foi um dos grandes destaques de “Vai na Fé”. Como foi a escolha dela para protagonizar “Dona de Mim”?
R – Ela é um talento, uma atriz que ilumina qualquer cena. Foi por isso que fez tanto sucesso em “Vai na Fé”. Quando começamos a pensar no elenco, eu já tinha Clara em mente e o Allan (Fiterman, diretor artístico) estava encantado com o trabalho dela em “No Rancho Fundo”. Então, foi um nome muito desejado e festejado por nós dois.
“Dona de Mim” – Globo – de segunda a sábado, às 19h20.