por Jonatas Miranda
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
A General Motors criou um conceito para seu modelo elétrico Chevrolet Bolt e o segue à risca. O modelo privilegia a autonomia e a funcionalidade. Esta última característica é ainda mais ampliada na nova versão SUV, batizada de EUV (sigla de electric utility vehicle), na renovação do modelo para a linha 2023. Esta segunda fase do Bolt surgiu depois de uma paralisação na produção, por conta de um defeito nas baterias produzidas pela LG, que fazia com que o carro entrasse em combustão espontânea em determinadas situações. O recall atingiu as 142 mil unidades vendidas mundo afora, inclusive as 237 trazidas para o Brasil. Portanto, a nova linha Bolt, além de um visual mais moderno, traz agora um novo sistema de baterias, que além de mais seguro tem maior autonomia.
Em termos de design, cada elemento da carroceria tem uma clara preocupação de ajudar no coeficiente aerodinâmico. Esse objetivo não é novidade em veículos de emissão zero, mesmo no caso do Bolt UEV, um pequeno SUV com apenas 4,33 metros de comprimento e 1,77 m de largura com capacidade para acomodar cinco passageiros, embora para uma viagem realmente confortável, quatro é o o ideal. Mesmo com o espaço interno sendo incrementado pela ausência do túnel de transmissão, que permite um piso plano em toda a cabine – outro detalhe comum em veículos elétricos – e pela boa distância entre-eixos de 2,68 metros, cortesia da arquitetura GM BEV2 (Battery Electric Vehicle) na qual o Chevrolet EUV é construído. Apesar de ser definido como um utilitário, a altura de 1,62 metro é apenas 2 cm maior que no modelo hatch.
O resto do habitáculo propõe um conjunto de soluções ideais para a facilitar as viagens. Mais do que ter uma atitude de SUV, a missão do modelo é mesmo disponibilizar elementos que contribuam para a experiência elétrica. Ou seja: acabamento de qualidade com bons materiais, muitos compartimentos para objetos, carregador de indução para smartphone, porta-luvas, console prático, porta-copos e bancos compactos, mas confortáveis e macios. Não é para menos, porque no final resulta em um veículo que custa acima de US$ 33 mil – ou cerca de R$ 172 mil. No Brasil, o modelo hatch, que é ligeiramente mais barato, custa simplesmente o dobro: R$ 329 mil. Nessa faixa de preço, o cliente tem o direito de exigir isso e muito mais.
O Bolt EUV é animado pelo mesmo conjunto usado na versão hatch. O propulsor aciona as rodas dianteiras e rende 203 cv de potência e 36,7 kgfm de torque. Ele pesa 1.669 kg, sendo que apenas o conjunto de baterias responde por 440 kg. A capacidade de carga é de 66 kWh, o que permite uma autonomia de até 416 km. A recarga é calculada em 10 km por hora em uma tomada doméstica comum de 220V/10ª e chega a 290 km por hora de recarga em um carregador de 50 kWh – a um custo aproximado de R$ 85 (R$ 1,95/kWh).
Impressões ao dirigir
Novos hábitos
Dirigir um carro elétrico pode ser tão desconcertante quanto fascinante. Desconcertante porque existem muitos modelos aos quais é preciso se habituar – e isso não é censura ou um mau qualificador. E atualmente, independentemente do segmento, a quantidade de informação que um EV pode apresentar pode tornar-se avassaladora para quem gosta de um manuseamento mais simples ou sensações mais básicas.
O Chevrolet Bolt EUV está em um ponto médio ideal para o usuário aproveitar ao máximo todos os serviços de conforto e eficiência. Um único display digital, informa tudo o que acontece em termos de carga, consumo de autonomia, regeneração de energia, bem como o status de seus dois principais auxílios em termos de eficiência: o sistema de One Pedal Driving e o Regen On Demand.
A condução One Pedal permite que o condutor acelere, freie e recarregue energia apenas com o pedal direito. A ativação é por meio de um botão colocado no console e, literalmente, só é preciso acelerar com a pressão desejada e soltar para frear. É preciso se acostumar com isso e ter cuidado, mas uma vez que se domina o funcionamento, o trabalho de regeneração de energia é impecável, especialmente no tráfego ou longas inclinações da estrada.
Já o sistema Regen – do alemão Regenerative Energieanlagen, ou sistemas de energia renovável – permite a dosagem da ação do freio regenerativo através de um paddle colocado no lado esquerdo do volante. E quanto mais intenso a frenagem, maior a recuperação de carga. Como ocorre com o One Pedal Driving, você tem que se acostumar com ele, porque sua função também exerce ação na frenagem.
Chevrolet projetou um sistema de infotainment que ajuda o usuário a não dirigir às cegas. Para além da conectividade e espelhamento, a tela sensível ao toque de 10,2 polegadas traz todas as representações gráficas e indicadores, de uma forma atraente e ilustrativa, sobre o estado de carga da bateria, as gamas de consumo, recargas etc. Além de ter perfeito conhecimento sobre tudo que acontece, torna a condução do Bolt muito lúdica.
Cada vez mais, é menos razões para sentir limitação no uso de um carro elétrico. Ainda mais em um como o Bolt, que se mostra apto a qualquer tarefa de transporte ou carregamento, até pelos encostos traseiros rebatíveis. Ele é capaz de circular em qualquer condição de condução sem limitações. A autonomia próxima de 400 km se mostrou factível durante a avaliação, mas a maior responsabilidade por essa eficiência não recai apenas sobre o automóvel ou sobre a falta de infraestrutura para recarregar. Depende em grande parte dos hábitos de condução e disciplina de cada usuário.