POR EDUARDO ROCHA
AUTO PRESS
Nem a Jeep podia esperar que o Commander se aclimatasse tão bem no Brasil. O utilitário esportivo médio-grande, segmento também definido como SUV-D, foi apresentado exatamente há um ano. E depois de um início com vendas modestas, limitadas pelo início da curva de produção, se estabilizou nesse ano de 2022 em torno de 1.600 unidades mensais, o que o deixa como o 12º SUV mais vendido do país, à frente de diversos modelos SUV-B e SUV-C. O mais impressionante é que mais 75% das vendas foram para quem não consumia SUV de sete lugares. Ou seja: o Commander modelo praticamente inventou o segmento no Brasil.
O até então líder Toyota SW4 manteve em 2022 a mesma média de vendas do ano passado, em torno de 1.140 unidades. A Chevrolet Trailblazer sentiu o golpe, com uma queda na média de 475 unidades em 2021 para 185 neste ano.
Conceitualmente, no entanto, esses dois modelos não são rivais diretos do Commander, pois são derivados de picape. Apenas o Mitsubishi Outlander, que tem arquitetura em monobloco, pode ser encarado como concorrente, tanto em relação a preço quanto em conteúdo. E a média de vendas do modelo da marca japonesa caiu de 240 para 150 exemplares de 2021 para 2022.
No entanto, o Commander tem alguns pontos de vantagem. Para começar, a Jeep tem mais de 200 concessionárias no Brasil, tem um visual bem moderno e atraente, a marca agrega um grande prestígio aos veículos e imprime uma ideia de luxo incomparável com a de outros modelos nacionais, principalmente na versão avaliada, Overland. Com isso, o Commander funciona bem como alternativa para modelos importados, que passaram a ostentar preços quase insultuosos por conta da subida acentuada do dólar.
O Commander tem duas versões e duas motorizações, que se combinam em quatro configurações. A diferença de preço entre as motorizações flex e diesel é de R$ 53 mil e entre as versões Limited e Overland é de R$ 25 mil. A combinação avaliada, Overland T270, custa R$ 255.062 e combina o máximo de luxo com um motor flex que oferece 10% a mais potência que o motor diesel, mas tem 30% menos torque.
O motor GSE 1.3 turbo é o mesmo usado nos outros modelos da Stellantis produzidos em Goiana, Renegade, Compass e Fiat Toro. Ele rende 185 cv e 27,5 kgfm, tem câmbio automático de seis marchas e direciona a força para as rodas dianteiras. Ele até conta com o sistema Jeep Traction Control+, que usa o ABS para frear uma roda com baixa aderência, mas o modelo fica mais à vontade no asfalto. Inclusive todos os ângulos de fora-de-estrada (entrada, saída e rampa) são menores que o das versões com motor diesel.
Em relação ao conteúdo, o modelo é bem completo desde a versão Limited. Ele traz iluminação full led, painel digital com 10,25 polegadas, chave presencial para travas e ignição, banco do motorista com ajustes elétricos, acabamento em couro e suede, movimentação elétrica da tampa do porta-malas, ar-condicionado de duas zonas e central multimídia com tela de 10,1 polegadas, com espelhamento sem fio e conexão através do Apple CarPlay e Android Auto.
Específicos da versão Overland são rodas de liga aro 19, acabamento na cor marrom, banco do carona com ajustes elétricos, teto solar panorâmico, som da Harman/Kardom e plataforma Adventure Intelligence, com roteador wi-fi e interface via Alexa. Este sistema ainda dá acesso a dados e funções do carro via celular, como localizar e atuar nas travas, ignição, etc.
A parte de segurança do Commander Limited traz sete airbags e diversos recursos dos chamados sistemas avançados de assistência à condução (ADAS), como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com frenagem autônoma e detecção de pedestres, ciclistas e motociclistas, detecção de ponto cego e de tráfego traseiro cruzado, sistema de manutenção de faixa de rolagem, detector de fadiga do motorista, reconhecimento de placas de velocidade, comutação automática de faróis e sistema de estacionamento semiautônomo.
O Commander é montado sobre a plataforma alongada do Renegade e Compass. Ela foi aumentada tem todas as dimensões para poder oferecer espaço para sete ocupantes. As dimensões são 4,77 metros de comprimento, 2,80 m de entre-eixos, 1,70 m de altura e 1,86 m de largura. O porta-malas oferece 233 litros de capacidade na configuração para sete passageiros, 661 litros com cinco ocupantes e 1.760 litros com apenas dois lugares.