por Simón Álvarez
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Há cerca de três décadas, surgiu na Europa uma marca voltada para a construção de veículos pequenos, que cabem em qualquer lugar e fornecem uma solução de mobilidade para quem não precisa de tanto espaço no dia-a-dia, mas quer um carro para transporte na cidade. A smart nasceu de uma colaboração entre a Mercedes Benz e a fabricante de relógios Swatch. E assim como o relógio, que podia trocar os acessórios em torno da máquina, os modelos smart podiam ter partes da carroceria trocadas.
De lá para cá, muita coisa mudou. Atualmente, a marca modificou a proposta inicial e se afastou dos chamados minicarros. A Swatch foi substituída pela Geely, gigante chinesa que é dona de marcas como Volvo e Zeekr, vendidas no Brasil. Os carros da smart abandonaram os motores a combustão, adotaram a mobilidade 100% elétrica e estão mais focados na esportividade. Por enquanto, porém, não há nenhum movimento da marca para voltar ao mercado brasileiro, onde atuou entre 2009 e 2015 com o modelo Fortwo, trazido pela Mercedes-Benz.
Como foi originado da aliança entre a Geely e a Mercedes Benz, existe uma linguagem de design que tenta combinar os estilos alemão e chinês, com uma imagem bastante marcante, linhas fluidas, superfícies com curvaturas suaves e musculosas. As medidas são de um SUV/crossover compacto: 4,27 metros de comprimento, 1,82 m de largura e 1,63 m de altura, o suficiente para acomodar quatro ocupantes e alguma bagagem.
O smart #1 é montado na plataforma SEA 2 da Geely, a mesma usada em veículos como Volvo EX30, Zeekr X e smart #3. Levando isso em consideração, e que possui sete airbags de série (o sétimo entre motorista e copiloto), oito sensores de estacionamento, direção semiautônoma nível 2, frenagem autônoma em caso de emergência, câmera 360º, entre outras assistências de direção, explicitam o motivo de ter obtido a classificação de 5 estrelas nos testes do Euro NCap.
O combo mecânico que alimenta este smart #1 inclui um motor elétrico traseiro que desenvolve 272 cv e 35,0 kgfm e é alimentado por uma bateria de 49 kWh. Pelo ciclo WLTP, ele foi homologado com autonomia de 420 km nesta versão, além de entregar uma aceleração notável de zero a 100 km/h em 6,7 segundos. Em relação a rivais, pode-se listar modelos premium como DS3 E-Tense, MINI Aceman Cooper e, obviamente, o Volvo EX30.
No interior, somos recebidos por um interior que tem características de um Mercedes Benz. Percebe-se que a marca alemã se encarregou de tudo o que tem a ver com o design do veículo, com formas e texturas que, de fato, podem lembrar muito os interiores dos carros elétricos da Mercedes, como o EQS, obviamente em uma escala muito, muito menor.
Na versão testada, a intermediária Pro+, a cabine revestimentos e painel em preto e branco e acabamento em couro. Tem ainda inserções em alumínio escovado, plásticos pretos e brancos de diferentes texturas e uma grande tela principal de 12,8 polegadas da central multimídia, com espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay sem fio. O minimalismo impõe uma ausência quase completa de botões físicos. Por outro lado, há muitos espaços de armazenamento, o seletor de marchas está localizado atrás do volante.
Os bancos traseiros têm um bom número de comodidades: saídas de ar, portas USB, luz de leitura e teto panorâmico, enquanto os vidros são escurecidos. Há um bom espaço para os ocupantes, desde que sejam dois. O espaço para o passageiro no meio é muito desconfortável, pois o encosto é muito duro graças à presença do apoio de braço com porta-copos.
Por fim, o porta-malas do smart #1 pode ficar aquém das necessidades de muitos, pois embora haja espaço para guardar coisas sob o piso do porta-malas, já que não há estepe, a capacidade do porta-malas é de 313 litros – pequena para um SUV compacto. Para piorar, a queda da porta traseira é em diagonal, o que diminui ainda mais o espaço. Minimiza um pouco o problema o fato de o banco traseiro ser corrediço e se deslocar até 13 centímetros para a frente. Mas não há mágica: os passageiros de trás vão arcar com o custo.
Impressões ao dirigir
Alma refinada
Se for levada em conta a plataforma em que o smart #1o está montado, não é de se estranhar o comportamento extremamente refinado nem que se queira buscar uma imagem um pouco mais esportivo. A plataforma permite que este hatch compacto tenha uma suspensão confortável para pilotagem urbana e que pareça firme quando se quer explorar mais o lado esportivo. Não é áspero, apesar de ter pneus 235/45 em rodas de 19 polegadas. A direção é muito comunicativa, apesar de ser elétrica, o que melhora mais a experiência de condução. O modelo ainda traz três níveis de regeneração de energia, através do sistema One Pedal, e três modos de condução, Eco, Sport e Comfort.
Em relação aos recursos de assistência à condução, destaca-se em particular o sistema smart Pilot, que inclui um controle de cruzeiro adaptativo extremamente bem calibrado. Outro ponto digno de nota é que, quando se explora um pouco mais a esportividade do carrinho, ele se comporta como um kart – talvez por causa da distribuição de peso e da tração traseira, porque se colocarmos algum entusiasmo na direção, parece um kart de verdade, apesar de ser um SUV ou crossover compacto.
Apesar de andar bem, o smart#1 não vai tão longe. A autonomia que o modelo apresentou durante a avaliação ficou entre 380 e 390 km, cerca de 40 km abaixo alcance do homologado. Obviamente, esse número vai depender da dinâmica de direção e dos lugares para onde cada um se move. Mas ficou claro também que este crossover compacto é carro é genuinamente requintado. E além disso, é extremamente divertido de dirigir.