POR MARCELO PALOMINO
AUTOCOSMOS.COM/CHILE
EXCLUSIVO NO BRASIL PARA AUTO PRES
O Peugeot 3008 é um dos carros mais importantes para a Peugeot em todo o mundo, com mais de 1,3 milhão de unidades da segunda geração vendidas. No Brasil, no entanto, o modelo não foi tão bem-sucedido, em sete anos de mercado, emplacou menos de 10 mil unidades. Porém, como parte da Stellantis desde 2021, a marca francesa ganhou força no mercado e vem apresentando vendas em média 50% superiores aos anos anteriores à fusão. É nesse ambiente comercial que a Peugeot prepara a chegada da terceira geração do 3008 no Brasil, no segundo semestre deste ano.
Essa terceira geração confirma a aposta feita pela marca na segunda geração, de combinar a funcionalidade de um crossover com design atraente e ousado, com um toque de robustez para abordar o segmento de SUVs cupês. E essa audácia no estilo, que alavancou o modelo mundo afora, agora se junta com a opção da Peugeot pela eletrificação da linha. O modelo agora só é produzido em configurações híbridas, híbridas plug-in ou totalmente elétricas e a marca francesa ainda está definindo qual ou quais serão importadas. Se a ideia é ter algum volume no mercado, a versão com preço mais atraente é a avaliada, híbrida leve 48 V. A marca vem eletrificando totalmente suas linhas a partir dos modelos mais caros.
As linhas 4 e 5 já seguem esta política. O novo 3008 é estruturado na nova plataforma da Stellantis, STLA Medium, a mesma que será utilizada na nova geração do Jeep Compass, previsto para ser produzido na Itália e no Canadá ainda este ano. Ele é um SUV/crossover médio típico, com 4,54 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,64 m de altura e 2,73 m entre eixos, com um porta-malas com capacidade de 520 litros. Em relação ao antecessor, ele cresceu 9 cm no comprimento e 5 cm entre os eixos. A silhueta fastback não impediu o ganho de espaço tanto em tamanho externo quanto interno.
No design, há diversos elementos estéticos que estrearam no 308, mas foram levados um pouco mais longe. Para começar, foram eliminados quaisquer detalhes em cromado que abundavam no antigo 3008. Na frente, a grade sem moldura se combina com o conjunto ótico principal com três garras de led. Como sempre, o brasão da Peugeot está na frente acompanhado na parte superior pela numeração do modelo, colocada em uma faixa escurecida na linha do capô. Os faróis são led em todas as versões, sendo que na variante de topo, a GT, adiciona a tecnologia matricial, o que lhe permite oferecer iluminação de alta qualidade. Ne perfil, ele traz uma silhueta fastback reta, que contrasta bastante com o 3008 anterior, que era mais arredondado.
As laterais trazem vincos retos na parte inferior combinados com uma musculatura bem acentuada logo abaixo da linha das janelas. No limite do teto, há um spoiler esportivo. Na traseira, a traseira alta traz o logotipo 3008 no centro. As luzes traseiras de três elementos são interligadas por uma guarnição com o nome da marca. No canto direito, há ainda a identificação “Hybrid”. Chamam a atenção as rodas de design técnico, em preto com linhas em alumínio polido. O interior do novo Peugeot 3008 traz um display vanguardista, com uma nova interpretação para o design i-Cockpit característico da marca, com o painel sendo visualizado por cima do volante. Essa nova geração propõe novidades com a combinação de elementos que estrearam no 308, com outros já presentes no 3008 anterior.
Por exemplo, as guarnições com revestimentos em tecido que envolvem o retorno da cabine. Mas o mais marcante desta vez é o painel curvo e flutuante, que integra duas telas de 10 polegadas, no chamado Panoramic i-Cockpit, com a mais recente interface digital da Peugeot, que é totalmente personalizável. Por outro lado, o modelo perdeu o head-up display que sempre trouxe. Na prática, o Apple CarPlay e Android Auto sem fio são relativamente fáceis de conectar. No entanto, a central multimídia não impressiona muito. Embora seja mais amigável do que antes, com a tela sensível ao toque que acessa as principais funções do carro, não é tão rápido ou intuitivo.
É preciso dedicar um tempo para entender o funcionamento por completo. Além disso, o i-Cockpit traz os vícios de sempre, obrigando muitos motoristas a sacrificar a visibilidade ou a posição de conduzir – embora neste novo 3008 a ergonomia tenha melhorado. Os bancos recebem algumas tecnologias da Opel e da Citroën, como espuma de alta densidade. A versão GT oferece ajustes elétricos e sistema de aquecimento e o nível de conforto do assento denota as ambições premium da Peugeot.
O console central tem um design estranho. O bom é que esconde muitos porta-objetos, além de botões de atalho para várias funções, ponto de carregamento sem fio e modos de condução. Os materiais também melhoraram muito, com grande percepção de qualidade, em sintonia com o pretendido posicionamento da marca. Em relação à habitabilidade, o modelo traz portas grandes que facilitam o acesso aos bancos traseiros, e espaço geral do carro deixa claro o ganho com a maior distância entre eixos. Há espaço para os joelhos e para colocar os pés sob os assentos e, apesar do decaimento do teto pelas linhas de cupê, a boa altura interna evitar problemas mesmo para pessoas altas, até pela boa reclinação do encosto. Mesmo no assento central, o banco é relativamente plano para que seja muito confortável. O problema é que o console avança muito para trás e a largura geral é limitada. Essa configuração faz com que três adultos não fiquem tão confortáveis e soltos. Para completar, o porta-malas de 520 litros tem abertura e fechamento elétrico.
Impressões ao dirigir
Muito luxo, pouco fôlego
O motor híbrido leve de 48 v do novo 3008 MHEV fornece cerca de 21 cv em condições específicas. Este motor corresponde à terceira geração da série EB, e devido aos problemas que esta família Puretech de motores apresentou em seu histórico, principalmente por conta da famigerada correia banhada em óleo. E foi essa a principal correção: o sistema de distribuição agora é por corrente.
O motor é um turbo de 1.2 litro de três cilindros, com ciclo Miller, injeção direta, sistema VVT. Ele oferece 136 cv de potência e 23,5 kgfm de torque, e está associado a uma caixa automática de seis marchas e dupla embreagem. Existem modos de condução Eco, Normal e Sport e, ao lado deles, três modos de condução para neve, lama e areia. No uso normal da cidade, sem estresse ou pressa, é um bom motor que não gerará críticas. Mas para quem vem de um motor Prince 1.6 turbo, por exemplo, vai sentir que está faltando entrega – são quase 30 cv a menos. E para agravar o caso, o novo 3008 é maior e mais pesado que o modelo anterior e, em certos momentos, nas ultrapassagens ou subidas, pede um pouco mais de força.
Nesses momentos, os 21 cv adicionais do sistema elétrico 48 v aliviam o trabalho. Além disso, a transmissão entende bem a urgência e trata de elevar rapidamente a rotação para encontrar aquele impulso extra, o que gera também mais ruído na cabine. Para o uso do dia-a-dia, para quem busca eficiência, o motor é perfeito. Para outros fins, porém, os cv perdidos podem realmente fazer falta. Mesmo em baixas rotações, no entanto, o motor pode ser ouvido – sem falar nos ruídos de rolamento e aerodinâmicos. Para atingir um mercado premium seria necessária uma melhor insonorização. Por outro lado, o chassi é extraordinário.
Combina muito bem o conforto de condução com dinamismo e comportamento em estrada. Não fica desconfortável, mas amortece. É suave e macio, mas é muito equilibrado ao acelerar. A direção também é direta e rápida, embora tenha perdido um pouco do feedback pelo ajuste mais leve. A dinâmica de condução é a melhor coisa desse Peugeot e gratifica o condutor que enfrenta muitos quilômetros. Em suma: o novo 3008 não traz só um design vanguardista ou ousado. É também um carro que convida à condução, com um motor econômico, embora um pouco aquém da potência, e com um chassi muito equilibrado. É confortável, macio, dinâmico e seguro – com recursos ADAS bem completos. Este 3008 é melhor que o anterior, mas ainda se trata de um carro europeu, feito para andar em carpete.