Agência Reuters
A estatal paranaense Copel, uma das maiores elétricas do Brasil, tem travado uma disputa com a empreiteira Engevix, ameaçando excluir a companhia da obra da hidrelétrica de Colíder, cuja construção em Mato Grosso está atrasada.
O presidente da unidade de geração e transmissão da Copel, Sérgio Lamy, disse à agência Reuters que o fornecedor não tem conseguido cumprir o ritmo esperado nas obras, alegando dificuldades financeiras, o que complicou a reta final da construção da usina, orçada em cerca de 2,2 bilhões de reais.
A Engevix, atingida pelos desdobramentos da Lava Jato -operação da Polícia Federal que também processou a construtora-- é a responsável pela entrega de equipamentos auxiliares e por serviços de montagem eletromecânica e construção de uma linha de transmissão associada à usina, que terá 300 megawatts em potência instalada.
“Caso a Engevix se comprometa e demonstre que vai superar os problemas, a alternativa de continuar com eles não está descartada, mas diria que a alternativa de saída deles é muito forte... pretendemos de fato terminar a usina o mais rápido”, disse Lamy.
Após ser procurada, a Engevix afirmou que não tem qualquer contrato direto de prestação de serviços para a Copel, mas que participa de um contrato construtor. “A obra está atrasada em função do fornecimento de turbinas e geradores pela empresa argentina IMPSA, que faz parte do consórcio construtor e está em processo falimentar”, disse a Engevix.
Sobre a IMPSA, Lamy afirmou que a Copel está conseguindo contornar atrasos relacionados a esse fornecedor.
Documento do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) cita “problemas com o empreendedor de montagem (Engevix)” da hidrelétrica. O presidente da Copel GT disse que a empresa pretende concluir as negociações com a Engevixaté o próximo mês, para já em fevereiro retomar o ritmo das obras.
A empresa trabalha com um cronograma que prevê a entrada em operação em dezembro deste ano da hidrelétrica. A data representa atraso de três anos em relação ao prazo original, o final de 2014, e de quase três meses ante a última projeção do CMSE, colegiado de autoridades do governo que acompanha as obras de elétricas.
A última turbina da usina seria acionada em abril de 2018. A Copel, no entanto, espera minimizar perdas financeiras com esse atraso da usina por meio de recursos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nos quais alega que houve atrasos fora do controle da empresa, como no licenciamento ambiental.
A companhia também espera reduzir impactos com negociações para descontratar parte da energia da usina, autorizadas pelo governo devido à queda do consumo registrada em meio à recessão brasileira, que deixou as distribuidoras de eletricidade com excesso contratação.