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Economia Segunda-feira, 08 de Novembro de 2021, 00:00 - A | A

08 de Novembro de 2021, 00h:00 - A | A

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Com preço mais alto, cigarro do crime perde mercado em Mato Grosso



Bruna Stella e Gabriel Macena
FSB Comunicação

A alta dos preços do produto contrabandeado, causada pela valorização do dólar, e os efeitos da pandemia de Covid 19, como a menor circulação de pessoas, são apontados como os principais fatores da queda no mercado ilegal de cigarros no Mato Grosso, que caiu de 58% em 2019 para 46% em 2020, segundo a nova pesquisa do Ibope Inteligência/Ipec, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). A retração do mercado ilícito no Estado foi maior do que a média nacional, que caiu de 57% para 49%, segundo a mesma pesquisa.
Em 2020, o consumidor de cigarro ilegal no Mato Grosso pagou em média R$ 5,20 por um maço de cigarros, valor 17% acima da média nacional, de R$ 4,44, segundo o levantamento do Ibope. Em 2019, esses valores eram de R$ 4,26 no Estado e de R$ 3,44 na média do país. Os menores custos do cigarro ilegal, que não é fiscalizado e não paga impostos, justificam a maior participação do produto ilícito frente ao legal, que tem preço mínimo determinado por lei de R$ 5,00 e média de R$ 7,62 no mercado oficial.
De acordo com Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), os resultados do levantamento em 2020 mostram que é possível para o Brasil combater a ilegalidade no setor de cigarros, substituindo o ilícito pelo produto legal.
"A pandemia alterou fatores econômicos que impactaram também o negócio do crime organizado. Isso mostra que se mexermos nas variáveis econômicas de modo a atacar de frente o produto ilegal, o mercado legal nacional tem toda a capacidade de assumir essa parcela, gerando emprego e arrecadação, sem resultar em aumento do consumo", afirma
Ainda segundo Vismona, apesar da diminuição do mercado ilegal no último ano, o resultado é circunstancial. "Esta queda é reflexo de um cenário atípico e, sem estratégias de longo prazo, o mercado ilegal voltará a crescer, dificultando ainda mais a necessária retomada do crescimento econômico e da geração de empregos", afirma.
Além da alta do dólar, o recuo incomum na economia ilegal também é resultado de restrições implementadas para contenção da pandemia, como o fechamento parcial de fronteiras e dos comércios formais e informais, além do fechamento temporário de fábricas de cigarros no Paraguai e o trabalho das forças de segurança.
R$ 74 milhões - Dados da Receita Federal mostram que foram apreendidos no Mato Grosso mais 2,6 milhões de maços de cigarros, o equivalente a mais de R$ 13 milhões. O cigarro ilícito lidera o ranking de apreensões no Brasil. Mesmo com a queda do mercado ilegal de cigarros, as organizações criminosas movimentaram cerca de R$ 207 milhões com o produto no estado. Somente em ICMS, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$ 74 milhões, acentua Edson Vismona.
O cigarro ilegal continua sendo facilmente encontrado no Mato Grosso. Segundo o Ibope/Ipec, 96% dos produtos do crime foram comprados no comércio legal - como bares, mercearias, mercadinhos, bancas de jornal e padarias.
Das 10 marcas de cigarros mais vendidas no Mato Grosso, cinco são ilegais - juntas, elas representam 41% do mercado. A maior participação é do produto contrabandeado, que chega pelo Paraguai, com 37% das vendas. Os outros 4% ocupados são ocupados por fabricantes nacionais que não recolhem impostos, os chamados "devedores contumazes".
O Ibope apontou que, em 2020 a ilegalidade respondeu por 49% de todos os cigarros consumidos no Brasil, sendo 38% contrabandeados (principalmente do Paraguai) e 11% produzidos no Brasil por fabricantes classificadas como devedores contumazes.

Perda na arrecadação estadual foi estimada em R$ 74 milhões em 2020. Das 10 marcas de cigarros mais vendidas em Mato Grosso, cinco são ilegais - juntas, elas representam 41% do mercado

Com isso, 53,9 bilhões de cigarros ilegais circularam no país, uma cifra ainda extremamente alta. Com o aumento do preço do ilegal (de R$ 3,44, em 2019, para R$ 4,44, em 2020), o consumidor migrou, pela primeira vez em seis anos, para o produto formal, provocando queda de 8 pontos percentuais do mercado ilícito no Brasil, enquanto o mercado formal aumentou na mesma medida, chegando a 51%.  A arrecadação de impostos do Brasil teve um incremento de R$ 1,2 bi sobre o setor do tabaco, alcançando R$ 13,5 bilhões. Mas a sonegação ainda é alta: R$ 10,4 bilhões. 

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