Sábado, 18 de Maio de 2024

Entrevistas Sexta-feira, 19 de Janeiro de 2024, 10:37 - A | A

19 de Janeiro de 2024, 10h:37 - A | A

Entrevistas / CINCO PERGUNTAS

Suave crueldade

Na pele do torpe Belarmino, Antonio Calloni mergulha de forma livre nos dramas do remake de “Renascer”



por Geraldo Bessa TV Press  

               Antonio Calloni acredita no poder de história que, de tão boas, conseguem ser revisitadas e contadas de forma renovada. Prestes a voltar ao ar com “Renascer” – o terceiro remake de sua carreira - ele é pura empolgação ao viver o perigoso Coronel Belarmino, papel defendido por José Wilker na versão original da obra de Benedito Ruy Barbosa, de 1993.

Belarmino é um sujeito influente e poderoso, que acumulou fortuna nos tempos áureos do cacau abusando da violência. Agora, em crise, ele enxerga no José Inocêncio uma ameaça. É um vilão mais analítico, age de forma articulada e fatal”, resume, referindo-se ao protagonista da trama adaptada por Bruno Luperi, agora vivido por Humberto Carrão e Marcos Palmeira.         

Acho que o personagem chegou no momento que tinha de ser e foi um papel extremamente difícil

        Paulistano radicado no Rio de Janeiro há mais de duas décadas, Calloni chega aos 62 anos de idade com a calma de quem já viveu de tudo um pouco na tevê, desde sua estreia, em “Anos Dourados”, de 1986. Com breve passagem por Manchete e SBT, foi na Globo que ele teve a oportunidade de construir uma carreira marcada por personagens de destaques em produções como “Era Uma Vez…”, “Terra Nostra”, “O Clone” e “Caminho das Índias”.

Depois de tantos coadjuvantes de luxo, o posto de protagonista – na verdade, antagonista – só aconteceu na densa minissérie “Assédio”, de 2018, onde Calloni deu vida a Roger Abdelmassih, famoso e requisitado médico especializado em reprodução humana que abusava sexualmente de suas pacientes enquanto elas estavam sedadas.

Acho que o personagem chegou no momento que tinha de ser e foi um papel extremamente difícil. Sinceramente, me orgulho de nunca ter dependido de fazer um papel principal para ganhar prestígio e dinheiro. Me considero um privilegiado por pegar personagens paralelos e conseguir me destacar com eles”, avalia. P – O Coronel Belarmino é um dos personagens mais malvados e icônicos de “Renascer”. Sua interpretação se afasta ou se inspira na obra original?

R – A direção nos deixou muito livres para escolher qual caminho seguir. “Renascer” é uma obra tão gigante que, mesmo que eu não tenha visto tudo quando foi ao ar, é claro que lembro da interpretação do (José) Wilker para o Belarmino. Ele era do tipo que deixava uma marca em todos os papéis que defendia. Por isso, decidi fazer do meu jeito, buscar outras questões. Até porque, essa releitura segue também por outro caminho.

P – Em que sentido?

R – A estética, os temas, o tom, tudo é diferente. A história e os personagens estão sendo revisitados aos olhos do agora. Sem dúvida, o remake é uma homenagem, mas também aponta para outros rumos. Tenho feito muitos vilões nos últimos tempos e fiquei muito surpreso em como o Belarmino programa e analisa suas ações. É um vilão perigoso, mas descansado (risos).

P – Como assim?

R – Ele não é do tipo que se exalta. Quando ele enxerga um obstáculo, não tem gargalhada ou performance. Ele articula mais por debaixo dos panos, sem alarde e elimina o que o incomoda. A maldade dele é bem pensada, ele não quer confirmar para todos que está em uma situação delicada. Estou me divertindo muito.

P – Como foram as gravações no Sul da Bahia?

R – Incríveis. Há tempos que eu não passava tanto tempo mergulhado no trabalho. Essas viagens para locações mais distantes são muito importantes. O elenco está todo integrado, temos um grupo divertido no WhatsApp, onde rolam muitas fofocas, mas também papos inteligentes. A trupe que “Renascer” conseguiu reunir é admirável. São novos encontros para mim.

P – Sua trajetória na Globo é marcada por trabalhos em diferentes núcleos da emissora. Para você, qual a importância de variar e experimentar outros grupos de trabalho?

R – Acho fundamental. Inclusive, a própria Globo tem a preocupação de não deixar formar muitas panelinhas. É claro que, por afinidade, alguns atores, diretores e autores acabam trabalhando frequentemente. Não sou contra isso. Afinal, é bom estar ao lado de quem se gosta e admira, mas tentar misturar núcleos, fomentar outros ambientes de trabalho é essencial para criar outros produtos e resultados.  

“Renascer” – Globo – estreia dia 22 de janeiro, às 21h. 

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