LEONARDO HEITOR
DO FOLHAMAX
Alguns dos maiores doadores de recursos para a pré-campanha dos presidenciáveis já tiveram negócios em Mato Grosso. É o que aponta uma reportagem do jornal O Globo, publicada nesta sextafeira (22), que revelou entre os maiores beneficiados está o Partido dos Trabalhadores (PT).
Apenas um deles, o pecuarista Jonas Barcellos Corrêa Filho, fundador do Grupo Brasif, doou sozinho R$ 2,1 milhões. Quem também já atuou em Mato Grosso e fez doação de recursos para as campanhas presidenciáveis foi a família Koren de Lima, proprietária dos planos de saúde Hapvida. No estado, eles atuaram como sócios do São Francisco Rede de Saúde Assistencial AS, que tem uma unidade na cidade de Rondonópolis.
De acordo com O Globo, os 16 partidos com doações de pessoas físicas registradas ao longo da pré-campanha deste ano receberam até o momento ao menos R$ 22 milhões.
Os dados são baseados em parciais das prestações de contas das siglas já disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O valor, usado para a manutenção das legendas, já se aproxima dos R$ 25 milhões arrecadados pelas mesmas siglas em todo 2021.
Os dados do TSE mostram ainda que entre os maiores doadores aos diretórios nacionais dos partidos durante a pré-campanha deste ano, uma prática é comum: fazer contribuições financeiras a legendas rivais na disputa presidencial.
São ao menos oito empresários com esse perfil de doação entre aqueles com transferências acima de R$ 100 mil (veja lista). Jonas Barcellos Corrêa Filho, dono da Brasif, fez a segunda maior doação. No mês passado, ele transferiu R$ 2,1 milhões ao PT. Ele é pioneiro na operação de lojas duty-free nos aeroportos do país. Seu conglomerado atua desde a criação de gado nelore a empreendimentos imobiliários, passando por biotecnologia, venda de máquinas e varejo de vestuário.
Em Mato Grosso, ele seria proprietário de uma fazenda, localizada no município de Santa Terezinha. A família Koren de Lima já doou R$ 4 milhões, entre abril e maio ao PT, PSD, PSDB e MDB. Outro R$ 1,25 milhão foi doado ao PL, mas ainda não consta no sistema do TSE. As doações foram feitas pelo diretor presidente do Hapvida, Jorge Fontoura Pinheiro Koren de Lima, Candido Pinheiro Koren de Lima e Candido Pinheiro Koren de Lima Júnior, ambos membros do conselho de administração da Hapvida, e Christina Fontoura Koren de Lima.
O PT, legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lidera o ranking com R$ 8,5 milhões contabilizados. A legenda tem feito uma campanha de arrecadação ao partido. No mês passado, Lula chegou a participar de um jantar organizado pelo Grupo Prerrogativas para agradecer doações ao PT feitas via Pix. Em seguida, entre as legendas com mais doações, estão PSD, com R$ 4,1 milhões, União Brasil, com R$ 3,04 milhões e MDB, com R$ 1,7 milhões.
A lista é composta pelos partidos que têm também o maior montante do fundo eleitoral. O PL, sigla do presidente Jair Bolsonaro, ainda não incluiu suas receitas na prestação de contas deste ano. No partido, também há pressão para a arrecadação de doações para viabilizar a campanha de Bolsonaro e são organizados eventos para empresários. A avaliação interna é que o valor do fundo partidário destinado à sigla, o sétimo maior, é insuficiente para bancar todas as campanhas.
A partir de agosto, os partidos também poderão aplicar ou distribuir os recursos recebidos por pessoas físicas diretamente nas campanhas. Nesse caso, porém, há um limite equivalente a até 10% do rendimento bruto auferido pela pessoa física no ano anterior ao do pleito. Desde a minirreforma eleitoral de 2015, empresas são impedidas de doar a candidatos.