Elisa Gomes
Neste 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completa 19 anos. Quase duas décadas desde que o Brasil deu um passo histórico na luta contra a violência doméstica e familiar. E, apesar de tudo o que já avançamos no papel, a pergunta que nos persegue é: por que seguimos perdendo tantas mulheres para a violência?
A resposta, infelizmente, está nos dados. O mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado há poucas semanas, mostra uma realidade estarrecedora: o número de casos de violência contra a mulher segue crescendo. São vidas interrompidas, lares destruídos, crianças marcadas. E, ao mesmo tempo, seguimos sendo apontados como um país com uma das legislações mais completas do mundo no enfrentamento à violência doméstica.
São vidas interrompidas, lares destruídos, crianças marcadas
Então, onde está o erro? O que ainda nos falta? A verdade é que a Lei Maria da Penha, sozinha, não salva vidas. Ela é poderosa, sim — mas precisa ser aplicada de forma plena. Precisamos de políticas públicas comprometidas, de uma rede de apoio eficiente, de uma estrutura que funcione de verdade para acolher, proteger e empoderar as mulheres. Falo disso não apenas como vereadora. Falo como mulher.
Falo como alguém que há anos se dedica a essa pauta, que já presidiu o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher por três mandatos e que ajudou a criar, por lei, tanto esse Conselho quanto a Semana Municipal da Não Violência Contra a Mulher, aqui em Alta Floresta. Mas sei que essa luta vai além dos cargos, dos mandatos, das datas comemorativas.
Ela exige união, coragem e ação constante. Neste Agosto Lilás, estou articulando uma mobilização inédita entre vereadoras dos municípios do nortão de Mato Grosso.
O objetivo é claro: fortalecer as redes de apoio às vítimas, garantir que nenhuma mulher esteja sozinha diante da violência, e provocar a consciência coletiva de que isso é, sim, uma responsabilidade de todos nós. Violência contra a mulher não é um problema doméstico. É um problema social, público e urgente.
E a omissão também mata. Por isso, neste mês simbólico, reforço o compromisso que carrego comigo todos os dias: seguir lutando — com firmeza e empatia — por respeito, dignidade e justiça para todas as mulheres.
Elisa Gomes é vereadora em Alta Floresta