José Vieira do Nascimento
O Dia Internacional da Mulher é uma data especial para homenagear e reconhecer a importância da mulher e sua significativa contribuição na construção de uma sociedade mais humana e solidária. No dia 8 há os mimos, as flores, chocolates, joias e os cumprimentos protocolares nas homenagens dos eventos realizados ao longo de março para simbolizar o mês da mulher!
As homenagens são válidas e importantes para marcar a importância da mulher no contesto da sociedade. No entanto, a data também deve servir para uma profunda e necessária reflexão. E, além destas congratulações, efetivamente, tem-se que estabelecer políticas públicas de proteção ante a violência crescente, a qual a mulher do século 21 vem sendo, inexoravelmente, vítima, independente da classe social em que está inserida.
Às vezes os que homenageiam são os mesmos covardes que praticam agressões contra suas companheiras. Passado o mês de março, a realidade de grande parte das mulheres é a violência física, psicológica, moral e sexual, praticadas, principalmente, por companheiro, namorado e ex-companheiro.
Mato Grosso, conforme dados oficiais, é um dos Estados brasileiros com alto índice de violência contra a mulher. Em 2023, neste ranking, um levantamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), classificou o Estado com a maior taxa de feminicídios. Enquanto no Brasil por cada 100 mil habitantes, o índice é de 0,66%, em Mato Grosso este número é de 1,66%, o que significa que, cerca de duas mulheres são vítimas de feminicídio a cada grupo de 100 mil pessoas.
Portanto, é inadmissível que centenas de mulheres, anualmente, tenham suas vidas ceifadas por homens possessivos, machistas, que não aceitam que o relacionamento terminou.
O Estado brasileiro falhou e ainda claudica na sua obrigação de proteger a mulher diante deste cenário de insegurança e violência.
Decidir, escolher e fazer opções é um direito inalienável de todas as pessoas, independente de gênero
. Porém, um grande número de mulheres, por se sentirem ameaçadas, permanecem sujeitas ao convívio de relações tóxicas. E não raro, os finais destas histórias é mais uma vítima na estatística de feminicídio.
A mulher do século 21 quer brilhar e exercer o seu direito de fazer suas próprias escolhas. Se destacam na ocupação de espaço nas diferentes esferas que formam as estruturas sociais e econômicas, seja no mercado de trabalho na gestão de grandes corporações, na política, no Judiciário e empreendedorismo.
Todavia, essas conquistas incomodam homens estruturalmente machistas. A mulher ter autonomia para decidir seu próprio destino é visto como afronta e motiva sentimento de inferioridade próprio do machismo estrutural. Não é uma regra, mas mulheres que se destacam em suas atividades, sobrepõe sua competência em relação a homens que exercem a mesma função.
A Lei Maria da Penha, Medidas Protetivas, Delegacias da Mulher, Salas de Atendimentos Especializados, foram conquistas imprescindíveis. Mas diante do recrudescimento da violência, é necessário efetivar estes serviços e atendimentos para todas as cidades, principalmente no interior. E sobretudo, aprimorar a legislação e ampliar a proteção à mulher, que está exposta, em situação de ameaça e vulnerabilidade doméstica.
É crucial criar medidas legalmente asseguradas, de proporcionar os meios de subsistência, para a mulher ser amparada quando decidir se desvencilhar de seu algoz e tocar a vida em frente sem precisar sentir medo de ser assassinada.
Jornalista, pós graduado em Comunicação, editor do jornal Mato Grosso do Norte
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