José Vieira do Nascimento
Você já observou que quando chega a temporada de chuvas, dos meses de janeiro a abril, as notícias sobre o sucateamento das estradas em vários municípios da região, incluindo Alta Floresta são sempre as mesmas, como se fosse uma reprise do ano anterior? Pontes quebradas, bueiros levados pela força das chuvas, pontos de atoleiros e comunidades isoladas.
É como se fosse uma regra cíclica, que passam os anos e o cenário é sempre o mesmo, nunca muda. Basta começar a chover...
E porque será que isto acontece? Alguns gestores culpam a intensidade do índice pluviométrico da região amazônica durante os meses do período de chuvas. As chuvas são fortes, estrangulam as estradas, destroçam as pontes e formam os locais alagadiços, intransponíveis para os veículos. E o morador fica sem poder passar.
Então, nos perguntamos porque as prefeituras não criam um programa contínuo para resolver este problema e evitar os transtornos e prejuízos à população, principalmente de agricultores que moram na zona rural?
Porque será que não há a elaboração de um planejamento, com projetos técnicos para a realização das ações de recuperação das estradas, com acompanhamentos de engenheiros, substituindo pontes e bueiros de madeira, por concreto e realizando um serviço de caráter definitivo?
Invés disso, apenas fazem serviços de urgência para liberar precariamente o tráfego nos locais que ficam interditados.
A resposta para todos estes questionamentos é a forte ‘Indústria da Lama’ que fomenta altas somas de corrupção, desvios de dinheiro público e ainda é usada como bandeira política por determinados vereadores. Estes, para tirarem proveito do drama da comunidade, se colocam para a população como os salvadores da pátria, dizendo serem os responsáveis pela suposta recuperação do problema. Se alimentam politicamente da angústia do povo.
Certos vereadores, caso haja estradas boas na zona rural, estariam acabados, porque sobrevive deste drama sofrido anualmente pela população. Nas chuvas, lama! No período de secas, buracos! E guanto os serviços são feitos, três meses depois, o quadro caótico é o mesmo.
Na maioria das vezes, o cidadão menos avisado, acredita que o serviço foi feito porque houve intervenção de vereadores junto ao poder executivo. Pura enganação e politicagem sobre o sofrimento das pessoas.
Esta farra dificilmente acabará. A Indústria da Lama movimenta milhões todos os anos. Enche os bolsos de prefeitos, secretários vereadores e empreiteiros. Você já parou para analisar, por exemplo, quantos milhões a prefeitura de Alta Floresta gastou nos últimos 10 anos de seu orçamento para patrolar as mesmas estradas e refazer as mesmas pontes?
O volume de dinheiro é suficiente até para fazer o asfalto destes trechos! Na verdade, tem gestores que ficam torcendo para as chuvas serem fortes para sucatear as estradas. Aí vem aquela conversa fiada de falta de recursos, de não ter máquinas para realizar os serviços de recuperação. Aí vem um decreto de Emergências, a Defesa Civil aprova e o governo federal envia a grana para o município. E todos ficam felizes!
E não adianta falar que construiu pontes e bueiros de concreto! Quando isto acontece é estratégias usadas em alguns locais, até mesmo para disfarçar o esquema. E assim caminha a humanidade, enquanto passa a caravana...
José Vieira do Nascimento/ editor de Mato Grosso do [email protected]