José Vieira do Nascimento
editor Mato Grosso do Norte
A cadeia pública de Alta Floresta pode estar sendo um foco de transmissão de coronavírus. A suspeita é da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, que no dia 13 de maio, através dos defensores Paulo Roberto da Silva Marquezini e Vinicius Ferrarin Hernandez, do Núcleo de Alta Floresta, requereu ao juízo da Quinta Vara da Comarca Local, a interdição da Cadeia Pública de Alta Floresta para entrada de novos presos.
O enfermeiro Sidnei Leal, coordenador da Vigilância Epidemiológica do Município e membro do Comitê de Combate ao coronavírus, já havia comentado anteriormente, que o coronavírus pode ter chegado à cadeia pública de Alta Floresta, através de um agente de Peixoto de Azevedo, que veio à cidade para fazer plantão no local.
Com forme a Defensoria, a própria Diretora da Cadeia Pública informou que três agentes prisionais foram afastados de suas funções por suspeitas de estarem contaminados com o covi-19, pois apresentaram os sintomas da doença. E haviam [até na semana passada] três reclusos também com suspeitas da doença.
E como não há celas para isolar os detentos com suspeitas de coronavírus, a Defensoria requereu que, além de não receber mais presos, a justiça mande os presidiários que estão em grupos de riscos para cumprir a pena em prisão domiciliar.
Além dos reclusos mencionados, a Defensoria observa no documento enviado ao juízo da Quinta Vara, que no início do mês de maio, dia 2, o Sr. Wilson Ramão de Lima apresentou febre e foi internado na ala reservada para Covid19, do Hospital Regional de Alta Floresta. E há informações de que, após a alta médica, retornou para a Cadeia Pública.
Quando a Defensoria Pública requereu na interdição da Cadeia, alegou que os agentes penitenciários [com suspeitas de contaminação] que tem convivência diária com os detentos, e também os reclusos que apresentaram sintomas gripais e o que pertencem ao grupo de risco, não haviam sido testados.
Também não foram testados os reclusos da cela B, local em que estava o detento que apresentou sintomas. No entanto, o secretário Municipal de Saúde, Marcelo Costa, afirmou que quem estava com suspeita, que eram três presos e os agentes, foram testados e o resultado deu negativo.
“Verifica-se que, por não terem sido realizados testes em todos os agentes penitenciários, nos reclusos do grupo de risco, e nem nos presos ocupantes da cela B, não se sabe a situação epidemiológica da Cadeia Pública de Alta Floresta”, observam os Defensores.
“Como é sabido, no caso da Cadeia Pública de Alta Floresta, atualmente são cerca de 189 presos para um número de 63 vagas, segundo dados atualizados pela própria instituição. Mais do que isso, a pedido da Defensoria Pública, foi determinada por este juízo a interdição parcial do estabelecimento, ainda em junho de 2019, com fundamento na superpopulação carcerária e impossibilidade física e humana de se manter com dignidade tamanha população prisional. Tudo isso a impedir a adoção de medidas sanitárias adequadas à contenção da propagação do vírus”, argumentam.