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Política Terça-feira, 11 de Outubro de 2016, 00:00 - A | A

11 de Outubro de 2016, 00h:00 - A | A

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Ex-procurador nega propina, mas diz que ajudou cunhado a vender área



Lislaine dos AnjosDo G1 MT

 ex-procurador do Estado, Francisco Lima de Andrade Filho, afirmou à Justiça, durante depoimento nesta segunda-feira (10), que auxiliou na venda de um terreno ao governo do estado em 2014, a pedido do cunhado, o médico Filinto Corrêa da Costa, mas negou ter recebido qualquer benefício pela ação. Ele foi ouvido pela juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, durante audiência de instrução.

Chico Lima é um dos réus na ação penal derivada da operação Seven, que investiga a atuação de uma suposta organização criminosa instalada no governo do estado e que teria desviado dinheiro do erário durante a compra superfatura de um terreno, no valor de R$ 7 milhões, em 2014. De acordo com a denúncia do Ministério Público, a área em questão, de 721 hectares, já havia sido vendida ao estado em 2002.

Na denúncia, o ex-procurador é apontado como um dos líderes da organização e teria dado pareceres jurídicos para dar aparência de legalidade à compra, de forma a conseguir dinheiro que seria usado para pagamento de dívida de campanha do ex-governador Silval Barbosa. Segundo a defesa de Francisco Lima, não há provas nos autos que comprometam o ex-procurador e Francisco teria apenas tentado ajudar o seu cunhado a se desfazer da área. O G1 não conseguiu contato com a defesa de Filinto Côrrea e de Silval Barbosa.

Durante depoimento, o ex-procurador do estado negou ter entrado em contato com o cunhado para adquirir o terreno, alegando que estava morando na casa de Filinto Côrrea na ocasião - pois estaria separado da esposa - quando o cunhado o informou que havia proposto a venda de uma área para o estado, por meio de processo, porque o terreno não podia ser usufruído por ele.

"Sabia que ele já tinha vendido, em 2002, uma área de nascente do Rio Cuiabá. Naquele ano, ele queria vender a outra parte. Ele pediu minha ajuda. É meu cunhado desde 1965. Não tinha razão para negar a ajuda. Comuniquei ao então secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, se ele podia dar uma mão na desapropriação da terra do meu cunhado", disse.

De acordo com Chico Lima, Filinto constantemente cobrava informações sobre o processo, razão pela qual ele se reunia com Nadaf. Segundo ele, em uma ocasião o Nadaf teria lhe dito que a ação seria concluída, mas que seria necessário um retorno ao governo de parte do valor pago, para a quitação de uma dívida de campanha do ex-governador. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Nadaf.

"Eu comuniquei ao meu cunhado o que foi dito e ele ficou de decidir o que faria. Às vezes, eu perguntava para o Pedro se havia dado continuidade ao processo. Só isso. Não levei nada para o Nadaf, cheque algum. Também nunca falei com o Silval, com pessoal da sema, sobre essas coisas. Tratava somente com Nadaf", disse.

Ao promotor de Justiça Marcos Bulhões, o ex-procurador afirmou, ainda, que não se recorda o tamanho da área vendida pelo cunhado e que Nadaf nunca lhe mostrou nada de concreto a respeito da suposta dívida de campanha que precisaria ser paga.

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