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Política Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2018, 00:00 - A | A

19 de Dezembro de 2018, 00h:00 - A | A

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MPF propõe ação contra deputado eleito e pede quebra de sigilo



 Procuradoria Regional Eleitoral, do Ministério Público Federal, propôs uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral por suspeita de abuso de poder econômico contra o deputado federal eleito Neri Geller (PP) nas eleições gerais de 2018.

 

Também foi requerida a quebra de sigilo fiscal e bancário do candidato eleito. Geller também teve as contas de campanha reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral em Mato Grosso (TRE/MT).

 

De acordo com o parecer técnico conclusivo da Justiça Eleitoral, no qual a Procuradoria se baseou para propor a ação, Neri Geller apresentou a prestação de contas relativas às eleições de 2018 com irregularidades, além de ter efetuado um alto volume de doações a outros candidatos, excedendo o limite de gastos em R$ 854.651,25.

 

O parecer técnico aponta que Geller declarou como despesas de campanha o valor de R$ 2.412.651,25, o que por si só não excederia o limite de gastos de campanha para deputado federal, fixado em R$ 2 milhões, de acordo com o artigo 6º, inciso I, da Resolução nº 23.553/2017.

 

Dentre esses gastos declarados, R$ 385 mil foram doações realizadas para seis candidatos, utilizando-se a conta bancária da campanha, dentro da sistemática prevista pelo Tribunal Superior Eleitoral (TST).

 

Mas também foi constatado que outros seis candidatos também receberam doações de campanha, num total de R$ 942 mil, da pessoa física de Neri Geller.

 

Ocorre que as doações a outros candidatos, além de compor o limite de gastos de campanha, também configuram despesas de campanha eleitoral, o que significa que deveriam, necessariamente, transitar nas contas de campanha.

 

Além de ter verificado as irregularidades na prestação de contas e o excesso dos gastos eleitorais, a Procuradoria Eleitoral chama a atenção para a ocorrência de abuso de poder econômico, pois em consulta aos resultados eleitorais de 11 candidatos, foi verificado que foram realizadas doações no total de R$ 1.327.000, todos concorrentes ao cargo de deputado estadual. Destes, quatro foram eleitos.

 

A Procuradoria considerou os fatos como uma estratégia de financiamento com “o respeitável resultado de êxito nas urnas próximo a 40%”.

 

Dos 11 candidatos, sete receberam “robustas” contribuições em valores iguais ou superiores a R$ 100 mil. Além disso, os quatro candidatos eleitos foram os maiores beneficiários, cuja média de doações recebidas foi de R$ 180 mil, sendo que para três, Geller figura como a maior fonte de receita eleitoral.

 

“(…) Quando o requerido efetivamente pretendeu tornar-se decisivo por força de sua capacidade econômica, promoveu 07 grandes doações que resultaram na eleição de 04 de seus beneficiários – um percentual de êxito ainda mais impressionante, em 57,14%. Há, portanto, uma relação muito íntima e perigosa entre os maiores benefícios econômicos do requerido e a vitória no pleito eleitoral. Trata-se, pois, de uma demonstração da efetiva influência que seu poderio econômico irradiou sobre a campanha de Deputado Estadual nas eleições de 2018”, consta do documento.

 

Ainda de acordo com a Procuradoria, a intenção seria formar a conhecida “dobrada de estadual e federal”. “(…) as generosas doações, ainda que não dolosamente, trouxeram indubitável vantagem à campanha de deputado federal do próprio investigado. Prova disso é que o requerido efetivamente realizou atos de campanha conjunto com seus beneficiários, cooptando apoio político por resultado de sua liberalidade econômica”.

 

Para o MPF, as circunstâncias e os valores envolvidos nas doações realizadas indicam “exorbitância” ou excesso no exercício do respectivo direito de doação. “Rememore-se que o total de recursos doados aos 11 candidatos a Deputado Estadual totalizou R$ 1.327.000, valor este que, a título de parâmetro, excede o limite permitido de R$ 1 milhão de uma candidatura a deputado estadual nas eleições de 2018 (art. 6º, inciso II, Res. TSE nº 23.553/2017).

 

Ou seja, além de promover gastos eleitorais no limite da sua candidatura, bancou, sozinho, valor superior a uma candidatura de deputado estadual, com doações estratégicas a doze candidatos.

 

E, segundo o MPF, sua doação foi de tamanha monta que não se pode aludir a um mero acaso do destino que, nas urnas, a estratégia de financiamento tenha se sagrado vencedora em não menos do que 04 (quatro) candidatos eleitos, cuja média de recebimento foi de relevantes R$ 180.000,00 (Cento e oitenta mil reais). E isso tudo em uma campanha em que o próprio Requerido despendeu em sua candidatura praticamente o limite fixado em lei, R$ 2.412.651,25 (dois milhões, quatrocentos e doze mil, seiscentos e cinquenta e um reais).”

 

Levando-se em consideração a natureza financeira das irregularidades que foram levantadas no parecer técnico e expostas no pedido da ação, o MPF requereu então a quebra do sigilo bancário e fiscal do investigado, para que seja obtida com maior precisão as informações sobre o rendimento bruto auferido e o declarado ao Fisco, no exercício de 2017 e, ainda em relação a movimentação financeira correspondente ao período de campanha para que seja identificado o real quantitativo de recursos aplicados em favor da candidatura própria e às doações aos demais candidatos.

 

Contas desaprovadas

 

O candidato eleito ao cargo de Deputado Federal, Neli Geller, teve as contas de campanha, relativas às eleições de 2018, desaprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral em Mato Grosso (TRE/MT), em consonância com o parecer emitido pela Procuradoria Regional Eleitoral.

 

O juiz relator do TRE, Pedro Sakamoto, também determinou o recolhimento de R$ 3.600,33, referentes à sobra de campanha, em favor do Diretório Regional do Partido Progressista em Mato Grosso, pois não houve comprovação de que o montante tenha sido no intuito de impulsionar postagens em rede social. Também foi aplicada multa no total de R$ 854.651,25, levando-se em consideração a extrapolação do limite de gastos estabelecidos para a eleição proporcional de 2018.

 

Tanto o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) quanto a candidata a deputada federal Gisela Simone, entraram com pedido de litisconsórcio ativo na referida ação. (Mídia News)

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