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Política Sexta-feira, 07 de Outubro de 2016, 00:00 - A | A

07 de Outubro de 2016, 00h:00 - A | A

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OPERA



RAFAEL COSTA
Da Reportagem do Diário de Cuiabá

No acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Estadual (MPE) e homologado pelo Tribunal de Justiça, o advogado Júlio César Domingues Rodrigues, apontado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) como o lobista de um esquema de fraude que desviou R$ 9,5 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa por meio de um pagamento que deveria ser destinado a quitação de uma dívida com o Banco HSBC Seguros, gravou uma conversa mantida com o deputado estadual Romoaldo Junior (PMDB) na qual reivindica o pagamento de R$ 75,5 mil a título de honorários advocatícios. 

O vídeo que já está em poder do Gaeco é considerado uma prova da participação do peemedebista no esquema de fraude. No vídeo, o parlamentar afirma que encabeçou o esquema enquanto o advogado Júlio César Domingues Rodrigues diz que está cobrando apenas o que lhe é devido. 

Pelo teor da conversa se percebe que o deputado estadual Romoaldo Junior estava visivelmente irritado porque não recebeu o dinheiro que havia sido prometido. 

De acordo com o depoimento firmado em termo de colaboração premiada com o Ministério Público Estadual (MPE), o advogado Júlio Cesar Rodrigues disse que a conversa com o deputado Romoaldo Junior (PMDB) ocorreu na sede da CEPROMAT (Centro de Processamento de Dados de Mato Grosso). 

Na conversa, o advogado explicou ao deputado Romoaldo que não tinha como pagar 45% do repasse combinado com o Riva e mais R$ 500 mil exigido pelo parlamentar, 1% cobrado pelo chefe de gabinete, Francisvaldo Mendes e outros 55% ao advogado Joaquim Mielli Camargo que representava o banco HSBC. 

“A hora que a gente chegou lá, 45% no deputado Riva 45% é a coisa mio pra todo mundo, inclusive pra mim”, diz o advogado. 

Em seguida, o deputado Romoaldo Júnior reclamou do descumprimento de um acordo. “Primeiro que a gente fez.. você não tá cumprindo o acordo... porque pra mim não foi orientado... pra isso pra quilo”. 

O advogado Julio Domingues tenta apaziguar a situação: “qual cabo eleitoral levaria quatro pau e meio para o senhor?”. 

O deputado retruca e dá a entender que outros parlamentares serão favorecidos com o dinheiro desviado dos cofres públicos, o que levaria ao cumprimento integral do acordo combinado. 

“Pra mim não, não é assim não cara, aí é um colegiado que todo mundo... Num importa pra onde foi e o que foi, o que interessa é o combinado”. 

O advogado informa que tem R$ 306 mil a passar ao deputado Romoaldo Junior e ao seu chefe de gabinete, Francisvaldo Pacheco, o Dico, e que precisa das contas bancárias para passar. 

Irritado, o deputado Romoaldo Junior emenda em seguida: “nunca mais faço negócio com você tá, nunca mais faço negócio com você vai procurar o Zé Riva e se acertar com ele... a diferença do meu tá, pra mim acabo tá. 

Logo depois, Romoaldo lamenta sua insatisfação com a conclusão da fraude. “Fiz isso pra ajudar e acabei tomando no cú. Agora vai lá e se resolve com o Riva”. 

O advogado responde: “não é bem assim, mas tudo bem”. 

Por conta do foro por prerrogativa de função na esfera criminal, o deputado estadual Romoaldo Júnior é investigado com autorização do Tribunal de Justiça. Na quarta-feira (5), o seu chefe de gabinete Francisvaldo Pacheco foi preso pelo Gaeco na Operação Filhos de Gepeto. 

As investigações apontam que o deputado Romoaldo Junior cobrou R$ 500 mil dos R$ 9,5 milhões desviados. O Gaeco suspeita que outros deputados estaduais tenham sido beneficiados com o dinheiro desviado dos cofres públicos. 

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