Na delação premiada já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador Silval Barbosa afirmou que houve pagamento de 3% de propina sobre o valor global das obras da Arena Pantanal, projetada para a Copa de 2014 em Cuiabá.
O conteúdo de parte do depoimento foi revelado na edição desta segunda-feira (21) do Jornal Nacional.
De acordo com a reportagem, Silval disse que o percentual foi negociado pelo então titular da Secopa, Eder Morais, com a construtora Mendes Junior, que liderava o consórcio vencedor da licitação.
Até hoje inconclusa, a Arena Pantanal já consumiu mais de R$ 700 milhões. Silval afirmou que, após a saída de Eder do cargo, o esquema foi mantido por seu sucessor, Maurício Guimarães.
Os valores, de acordo com o ex-governador, eram pagos proporcionalmente a cada etapa da obra e teriam sido utilizados para pagar dívidas de campanha.
A revelação está contida na delação premiada que Silval firmou com a Procuradoria Geral da República (PGR) e foi homologada pelo Supremo Tribunal, segundo informou o Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (21).
O contrato para o sistema de iluminação da Arena, a cargo da empresa Canal Livre Comércio e Serviços, teria resultado, de acordo com o ex-governador, em propina ao deputado estadual Romoaldo Junior (PMDB).
A reportagem do jornal procurou as assessorias da construtora Mendes Junior e da Canal Livre e a defesa de Maurício Guimarães, que não quiseram se manifestar.
A defesa de Eder negou que ele tenha se conduzido qualquer negociação sobre propina com a Mendes Junior. Romoaldo Junior negou ter recebido propina.
Outro lado
Eder e Romoaldo negaram o esquema. Já as empresas Canal Livre e Mendes Junior e o ex-secretário Maurício preferiram não comentar as denúncias. Silval está em prisão domiciliar após ter feito delação premiada, e usa tornozeleira. Ele ficou recluso no Centro de Custódia de Cuiabá por quase 2 anos.