José Vieira do Nascimento
Mato Grosso do Norte
O caso de desvio de dinheiro das taxas de embarques da prefeitura, de Alta Floresta, que eclodiu no mês de abril, com o desfalque supostamente praticado pelo ex-diretor da Rodoviária e do cemitério, Dejair Francisco dos Santos, o Dejinha, que teria desviado cerca de R$ 38 mil, está ganhando novos contornos.
Quando o esquema foi descoberto, a prefeitura exonerou Dejair, que era nomeado, e Milton Ribeiro de Sousa, que ocupava o cargo de diretor da Rodoviária. Porém, Milton é servidor efetivo da prefeitura e também já foi chefe da Rodoviária e foi exonerado do cargo de assessor.
No dia 7 de junho o prefeito Chico Gamba decidiu assinar um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar internamente Milton Ribeiro. O servidor, no momento, está de férias, usufruindo de uma licença prêmio.
No documento, o prefeito ressalta que Milton é servidor lotado na Secretaria de Gestão da prefeitura e que a Comunicação interna da Secretaria de Fazenda, aponta possíveis cometimentos de infrações disciplinares.
O prefeito leva em consideração para a instalação do processo, diversas divergências que foram detectadas nas respostas das empresas de transporte rodoviários que atuam na rodoviária de Alta Floresta, responsáveis pela venda de passagens, em ofícios enviados pela prefeitura.
“Nas respostas das empresas contem recibos assinados pelo servidor Milton Ribeiro e ainda que o servidor fazia o recolhimento monetário e a entrega de canhotos diretamente às empresas”, relata o documento.
Mas abaixo, o documento relata que há divergências nos relatórios de blocos de taxas de embarques encaminhados à administração de arrecadação pelas empresas oficializadas. E que tais fatos podem configurar conduta desidiosa em proveito próprio ou alheio a administração pública.
Outro lado - Os representantes das empresas que vendem passagens na rodoviária de Alta Floresta, responsáveis por repassar para a prefeitura os valores das taxas de embarques, receberam com indignação as insinuações, que algumas delas possam estar envolvidas com os dois acusados de praticar desvios destes recursos.
Três empresários concordaram em falar à Mato Grosso do Norte com a condição de que seus nomes não sejam citados na matéria.
Um deles afirma que foi intimado pela Polícia Judiciária Civil, que está investigando o caso, para depor. Ele disse que confirmou que repassava o dinheiro recolhido proveniente das taxas de embarque, em mão para o representante da prefeitura responsável pela Rodoviária.
Outro empresário, que desde 2013 trabalha na rodoviária de Alta Floresta, afirma que sempre pagou as taxas de embarques da prefeitura através de boleto. “Eu sempre paguei com boleto desde que comecei a trabalhar aqui há 8 anos”, explica.
Ele reitera que o boleto em nome da prefeitura é repassado pelo chefe da rodoviária. “Não sei explicar porque apenas eu pago com boleto e as demais empresas pagam em dinheiro para o chefe da rodoviária”, disse.
Já uma empresária que desde 1994 trabalha na comercialização de passagens, na Rodoviária, afirma que a prefeitura, através do chefe da rodoviária, sempre estipulou que o pagamento do dinheiro da taxa de embarque fosse feito em mãos. E eles (prefeitura) que faziam a destinação do recurso.
Prefeitura instaura Processo Administrativo contra servidor, supostamente envolvido nos desvios
“Nós apenas pagavámos e sempre cobramos que esta cobrança fosse feita de uma outra forma. Eu não sabia que havia uma empresa que a cobrança é feita por boleto. Na minha opinião apenas uma empresa pagar por boleto e as demais serem impostas a pagarem em mãos, é uma prova contra a própria prefeitura. Como que só uma empresa pagava boleto e as demais, não?”, questiona.
Segundo ela, há alguns anos atrás, houve rumores que estava havendo roubo do dinheiro das taxas de embarques da rodoviária e foi feito boleto para a cobrança, mas apenas por um mês ou dois. Depois voltou a ser como antes.
“As empresas fazem um favor para a prefeitura, sem ganharem nada em troca. A prefeitura, a vida toda, sempre estipulou que o pagamento fosse feito em mãos. Nós simplesmente pagávamos”, enfatiza.