O novo modelo brasileiro de rotulagem de alimentos industrializados, que entrou em vigor nessa semana, pode contribuir a longo prazo para a redução da incidência de doenças cardiovasculares no país, mas é necessário adotar outras medidas de prevenção. A avaliação é da Dra. Elisa Maia dos Santos, pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), que é nutricionista e doutora em Ciências Cardiovasculares.
O INC é referência do Ministério da Saúde no tratamento de alta complexidade em doenças cardiovasculares e atua na pesquisa e prevenção dessas doenças, que são a principal causa de morte no Brasil.
Elisa Maia ressalta que o novo modelo de rotulagem, que entrou em vigor em 9 de outubro, tem como objetivo padronizar e expor as informações nutricionais de forma mais clara, para que a população possa realizar escolhas alimentares mais seguras do ponto de vista nutricional.
O novo modelo deixa mais claro quando um alimento tem doses altas de gordura saturada, sódio e açúcar, por meio de selos presentes de maneira destacada nas embalagens. A novidade representa um avanço em comparação às tabelas nutricionais anteriores, de difícil entendimento e muitas vezes escritas em letras muito pequenas.
A obesidade e diversas doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e doenças cardiovasculares, têm relação direta com o padrão alimentar e estão associadas a uma alimentação desequilibrada, rica em sódio, gorduras saturadas e açúcar.
A nova rotulagem pode ajudar a longo prazo, mas precisa ser acompanhada por outras medidas, pondera Elisa Maia: “A alteração na forma de exibição dos rótulos deve vir acompanhada de políticas públicas que estimulem alimentação saudável e redução do consumo de alimentos industrializados, além do estímulo a um estilo de vida saudável”.