POR RUBÉN HOYO
AUTOCOSMOS.COM/MÉXICO
O lema com o qual a Bugatti desenvolve seus produtos não é nada modesto: “Nada pode ser muito bonito, nada pode ser muito caro”. O novo recorde de velocidade estabelecido pela marca, que ultrapassou a barreira de 300 milhas por hora precisamente, 304,773 mph, o equivalente a 490.484 km/h foi um bom pretexto para fazer uma avaliação do modelo. É bem verdade que a versão do recorde foi um Chiron Super Sport +, que é basicamente um Chiron Sport com pequenas modificações, principalmente aerodinâmicas, para reduzir o arrasto e obter maiores velocidades.
O Chiron estreou em 2016 como o sucessor do mítico Veyron, com a missão nada fácil de superar o antecessor, o carro de produção mais poderoso, caro e rápido no mundo. Em 2018, a marca fez algumas melhorias na suspensão, direção e reduziu ligeiramente o peso para o hiperesportivo se tornar o Chiron Sport. O nome do modelo é em homenagem a Louis Alexandre Chiron, piloto da Bugatti nas décadas de 1920 e 1930 e que, segundo a marca, foi o melhor de sua história. Para o design do Chiron, o Bugatti Type 57SC Atlantic foi tomado como inspiração. O modelo foi uma criação nos anos 30 de Jean Bugatti, filho do fundador Ettore Bugatti. As formas são fluidas e muito harmoniosas, é um carro esportivo elegante e bem proporcionado.
Destaca-se o traçado em forma de elipse que nasce na coluna dianteira, contorna a porta, forma a parte interna da grossa coluna traseira e desce para morrer na caixa de rodas dianteira. Outra linha divide a cabine e começa na base do painel de controle, um detalhe a Bugatti sempre usou ao longo de sua história. Esta forma que também é muito perceptível dentro do carro e funciona como uma divisão entre os passageiros. Por fora, uma nervura central suave nasce na parte superior da grade, atravessa o teto e é acentuada para se tornar uma barra longitudinal estilizada e enorme que passa sobre o motor e desaparece de novo na asa traseira.
A grade em forma de ferradura é, por sua vez, uma referência à paixão de Ettore Bugatti por cavalos e está presente em todos os carros da marca. Já a parte traseira rompe um pouco com o resto do conjunto. Ela parece mais agressiva porque é basicamente composta por saídas de ar gigantescas cortadas por uma linha de led alongada que vai de um lado para o outro.
Atrás dos assentos, está um exótico e potente motor de seis cilindros em W de 8.0 litros que utiliza um arranjo de quatro turbos para fornecer 1.500 hp, o equivalente a 1.520 cv, com torque de 163,1 kfgm, que são gerenciados por um motor muito rápido. Transmissão de dupla embreagem e sete velocidades. A tração é nas quatro rodas. Os turbos são sequenciais. Ou seja; os dois primeiros entram em ação em baixa velocidade e os dois últimos são acionados em giros mais altos, para garantir um torque explosivo, mas muito consistente e linear em toda a faixa de velocidade. Este conjunto precisa de 10 radiadores e a bomba de água é capaz de movimentar 757 litros de água por minuto ao trabalhar na capacidade máxima.
De acordo com a Bugatti, o Chiron é capaz de fazer de zero a 100 km/h em 2,4 segundos, zero a 200 km/h em 6,1 segundos, zero a 300 km/h em 13,1 segundos e zero a 400 km/h em 36,2 segundos a velocidade máxima desta versão é limitada a 420 km/h. É exageradamente rápido, apesar de ter 1.995 quilos. Obviamente, com tais recursos de aceleração, o carro exige um sistema de freio à altura. É por isso que os engenheiros da marca o equiparam com um sistema com discos de cerâmica de carbono com 420 mm e pinças de 8 pistões na frente e 400 mm com garras de 6 pistões na traseira. Este sistema permite parar o carro aos 100 km/h em apenas 31,4 metros, aos 200 km/h em 114 metros, aos 300 km/h em 247 metros e aos 400 km/h em 491 metros.
No interior, tudo é revestido de couro de excelente qualidade ou em alumínio que parece ter sido esculpido e não usinado. Há poucas decorações e botões, seguindo uma lógica minimalista e atemporal. As formas são dramáticas e a atmosfera, extravagante. No console central há quatro botões circulares grandes com um pequeno visor incrustado enquanto o painel de instrumentos traz telas arredondadas em cada lado do velocímetro, que faz parecer com o interior de um carro dos anos 30 ou 40. Não há uma tela central no console. A justificativa é que essas tecnologias envelhecem rapidamente e um Bugatti não pode ficar datada. Precisa permanecer por muito mais tempo do que um carro convencional.
Ficar ao volante ao volante do Chiron provoca uma combinação de emoções como alegria, curiosidade e entusiasmo, junto com respeito e medo. Afinal, trata-se de um carro cujo preço começa em 2,5 milhões de euros, ou R$ 11,5 milhões, e isso é intimidador. Um descuido, um erro de cálculo, algo fora de controle como um pneu furado de outro carro ou um cachorro distraído pode acabar em um grande incidente.