Assessoria
Os governos do Acre e do Mato Grosso deram um passo inédito para reposicionar a logística brasileira em direção ao Pacífico e o mercado asiático. Em parceria com a concessionária peruana Iirsa Sur, será realizada uma carga experimental de soja, produzida nos dois estados, com destino ao Porto de Matarani, no Peru, utilizando a Estrada do Pacífico pelo território acreano. O anúncio ocorreu durante a Expoalimentaria 2025, em Lima, e reuniu representantes dos dois países.
Segundo estudos preliminares da empresa peruana e do governo, a rota pode reduzir em até 14 dias o tempo de viagem em relação ao trajeto tradicional pelo Atlântico. Hoje, mais de 1.200 caminhões carregados de soja chegam diariamente a Porto Velho (RO), de onde a carga segue pela Hidrovia do Madeira até o Atlântico, atravessa o Canal do Panamá e só então alcança a Ásia.
O anúncio ocorreu durante a Expoalimentaria 2025, em Lima, e reuniu representantes dos dois países.
Para o secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict) do Acre, Assurbanípal Mesquita, a experiência é uma redefinição estratégica. “Este experimento pode validar o nosso corredor de exportação. Ao analisarmos o custo logístico total pelo Atlântico, percebemos que a rota via Acre trará uma redistribuição do eixo de integração sul-americana se voltando ao Pacífico”, afirmou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedec) do Mato Grosso, César Miranda, reforçou a importância da iniciativa e destacou que o governo estadual irá mobilizar os produtores de soja da região.
“A saída ao Pacífico é importante não só para a região da Amazônia, mas também para o Centro-Oeste. Ganharemos 10 dias de adiantamento na viagem marítima e barateio do nosso custo. O governo de Mato Grosso se une ao do Acre para alcançar este grande objetivo”, declarou.
A presidente da Agência de Negócios do Acre (Anac), Waleska Bezerra, também vê no projeto uma oportunidade de reposicionar o estado no mapa da integração internacional.
“O uso da Estrada do Pacífico trará novas alternativas para os nossos produtores, geração de competitividade para a indústria local e abertura de oportunidades de negócios com mercados estratégicos”, afirmou.
Do lado peruano, a Iirsa Sur já iniciou um amplo estudo técnico para avaliar os pontos de melhoria da rodovia, que lá é chamada de Interoceânica Sul.
“Já faz 20 anos que essa via existe e não vimos nenhum avanço efetivo no comércio entre nós. Esta é uma rota existente, mas que precisa ser utilizada de forma efetiva para concretizar essa conexão”, destacou Carina.