Ana Mano e Roberto Samora/
Reuters
A intensidade do fenômeno climático El Niño, que afetou o regime de chuvas nas principais regiões produtoras de soja do Brasil, tem causado disparidades na velocidade do plantio e pode impactar a semeadura do milho safrinha, que é cultivado depois da safra da oleaginosa, de acordo com sojicultores e especialistas.
O risco para a segunda safra de milho, a maior do Brasil, cresce em áreas em que pode haver replantio de soja, especialmente nas lavouras onde o calor excessivo e a irregularidade das chuvas prejudicou a germinação da oleaginosa.
Ela calcula que, na média, a semeadura de soja possa estar com 15 dias de atraso em relação ao ciclo passado. "Ano passado, nesta época, a gente já estava com a chuva bem mais espalhada. Ano passado a gente tinha um La Niña e este ano temos um El Niño."
O plantio de soja em Mato Grosso, que já estava atrás do ritmo de 2022, passou a ficar também atrasado ante a média histórica para o período, apontaram nesta sexta-feira dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Produtores semearam 70% da área prevista, versus 83,45% no mesmo período do ano passado.
Além de custos adicionais para os produtores que fizerem replantio, o El Niño traria outro risco para produtores.
"Já estamos apertando o calendário neste sentido, e o El Niño pode diminuir a chuva da forma antecipada", disse a meteorologista Desirée Brandt, da Nottus, lembrando que na região Centro-Oeste as precipitações diminuem quanto maior for a proximidade do inverno.
Segundo a meteorologista da Nottus, mesmo que os mapas estejam mostrando um acumulado expressivo de chuva nos últimos dias, é preciso atentar-se à "qualidade desta chuva".
"Os bons volumes estão muito pontuais e tem feito calor, corre-se o risco do replantio", disse ela, ressaltando que na próxima semana se espera "uma condição melhor de chuva" em Estados como Goiás e Mato Grosso, dois grandes produtores do Centro-Oeste que vêm sofrendo com a disparidade das precipitações.
Ela calcula que, na média, a semeadura de soja possa estar com 15 dias de atraso em relação ao ciclo passado. "Ano passado, nesta época, a gente já estava com a chuva bem mais espalhada. Ano passado a gente tinha um La Niña e este ano temos um El Niño."
Replantio - A falta de chuvas em Mato Grosso já tem preocupado muitos produtores de soja. Sem as precipitações necessárias não houve avanço significativo no plantio esta semana. De acordo com Instituto de Economia Agropecuária (IMEA), cerca de 70,05% das áreas foram semeadas no estado, mas o atraso em relação ao ano passado já chegou a 23,46 pontos percentuais. E os agricultores começam a se preparar para o replantio de algumas áreas.