José Vieira do Nascimento
A Amazônia sempre será nossa... Independente que quem seja o governo ela pertence ao povo brasileiro. Para compreender o que está acontecendo na Amazônia é necessário analisar os fatos com isenção, sem ideologia de Esquerda ou de Direita e irá se entender o que conduziu a este cenário devastador de chamas e cinzas.
A fatia maior dos brasileiros, que optam pela racionalidade, de não deixar se influenciar pela insanidade de quem instrumentaliza politicamente à Amazônia, está consciente que sempre existiu soberania nacional na Amazônia brasileira. Entende que não passa de factoides e insanidade essa retórica imbecil de internacionalização da Amazônia, por países imperialistas.
A Amazônia, desde a década de 70, deixou de ser um vazio geográfico. O próprio governo militar incentivou a sua ocupação porque o país precisava produzir mais alimentos. Para isso seria necessário expandir a colonização em uma região do Brasil que à época, era pouco habitada. Nos anos de 1970, o Brasil ainda era eminentemente rural.
As terras férteis e abundantes dos Estados Amazônicos, precisavam ser exploradas, até mesmo para evitar os conflitos agrários nos Estados do sul. Foi então que o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, lançou o famoso Slogan de integrar para não entregar.
E desde então se vendeu para o povo que há interesses de outros países ocuparem a Amazônia, para se apossar de sua rica biodiversidade. Tudo isto, porém, é pura manipulação. Antes, o grande inimigo da Amazônia eram os americanos. Agora, por conveniência, é a Alemanha e o Emmanuel Makron, presidente francês.
Foi também nos anos 70, que as pessoas, principalmente os europeus, passaram a mudar a visão sobre as questões climáticas do planeta. O aquecimento global passou a ser uma agenda política. A ONU – Organizações das Nações Unidas- realizou em 1972 a Conferência de Estocolmo, na Suécia, primeira Conferência Mundial para debater a relação do homem com o Meio Ambiente. O olhar do mundo sobre a Amazônia, passou a ser diferenciado.
A Amazônia se espalha profusamente sobre nove países: Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. A maior parte dela está dentro do Brasil nos Estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Amapá, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
A preocupação dos líderes mundiais com a Amazônia, é um interesse natural, dado a sua importância climática. O fato de Amazônia ser considerada patrimônio da humanidade, não significa que não pertença ao Brasil e demais países de sua abrangência. Dizer que a França e a Alemanha querem internacionalizar a Amazônia, não passa de neurose.
Sua biodiversidade realmente desperta cobiça. Porém, o perigo maior para a Amazônia, é doméstico e não procede de agentes internacionais. Entre os habitantes da região, há aqueles que não respeitam a Floresta.
Se tem madeireiros, pecuaristas, garimpeiros e produtores rurais, que respeitam a Legislação Ambiental, há também os que querem lucrar a qualquer preço, que não sentem escrúpulo de, obliquamente, derrubar árvores.
Este cenário de crescimento do desmatamento e de queimadas da Amazônia, é resultado do posicionamento do governo federal, de afrouxar e desmontar os mecanismos de fiscalização. O INPE- Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais- foi desqualificado, o IBAMA está isolado e ocioso na estrutura do Ministério do Meio Ambiente. O presidente chegou a sugerir de levar o Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura. O resultado foram as derrubadas ilegais para exportação de madeira, garimpos clandestinos e as queimadas.
Agora, o que resta é tentar apagar o fogo e seria prudente o presidente da República parar dealimentar as chamas com suas bravatas.
Tentar criminalizar as Organizações não Governamentais- ONGs- e culpá-las pelas queimadas na Amazônia, é um atitude lamentável. E injusta. No Brasil há cerca de 820 mil organizações não governamentais, que desenvolvem trabalhos socais importantes. Geram 3 milhões de empregos e auxiliam às políticas públicas em diferentes áreas de atuações. Neste universo, certamente tem algumas instituições que não são sérias. Mas o que não se pode a nivelar tudo por baixo.
Aqui mesmo na região conheço diversas Organizações do Terceiro Setor, que fazem importantes trabalhos ambientais de recuperação de áreas degradadas, levando informação e assistência aos produtores. Através dos projetos que desenvolvem, contribuem para melhorar a qualidade de vida na agricultura familiar, aliando a preservação do Meio Ambiente com a geração de renda. Se ganham dinheiro com seus projetos, que crime há nisso?
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte Email:[email protected]