ALFREDO DA MOTA MENEZES
Em 11 de outubro de 1977, 38 anos atrás, no governo Ernesto Geisel, com a Lei Complementar 31, ocorreu a divisão de Mato Grosso.
O ato se completou em janeiro de 1979 com as posses dos novos governadores.
Em Mato Grosso do Sul assumiu Harry Amorim, aqui Frederico Campos. Em MS a data é feriado estadual, aqui não.
O motivo é óbvio. Lá nascia um novo estado, aquele dia é o aniversário. Aqui já havia estado desde 1748.
No momento da divisão, MT tinha cerca de um milhão e meio de habitantes. Mais de 900 mil estava no hoje Mato Grosso do Sul, o restante aqui. Tinham-se 93 municípios, lá com 55 e o MT remanescente com 38. MT ficou com mais de 900 mil quilômetros quadrados e o sul com uns 300 mil.
O Pantanal, uma área de 210 mil km2, o MS tem 65% e MT 35% do território. A maior parte dos habitantes de Cuiabá não gostou da divisão. No sul era só foguetório.
Os de lá diziam que haviam se desligado das coisas daqui e que estariam prontos para darem saltos maiores.
Argui-se também que a divisão ocorrera porque o governo militar precisava dos três senadores do novo estado.O duro Pacote de Abril de 1977 foi criado para a eleição de 1978 e tentava impedir o crescimento da oposição.
O regime queria fazer a transição por votação indireta e precisava de controle maior do Congresso.Voltando à divisão. A revista Veja, no vigésimo aniversário da separação dos dois estados, trouxe uma matéria com o título: o patinho feio que virou cisne.
Em tese, MT ficaria para trás e estava ocorrendo o contrário.A vinda de milhares de migrantes para MT deu um empurrão enorme na agricultura e o regime militar investiu em estradas, energia e telecomunicação.
Números recentes mostram a diferença entre os dois estados. A população de MT é de 3.3 milhões, no MS 2.6 milhões. Lá tem 79 municípios, aqui 141.
O PIB nosso passa de 80 bilhões de reais. Lá está em 55 bilhões. A renda per capita daqui está acima de 26 mil reais, no MS de 22 mil.
O IDH do MS é 0, 729, o décimo do Brasil, o de MT é 0,725 ou o 11º do país. Em produção econômica a distância entre os lados é abissal. MT produz 25% da comida nacional, por exemplo.
Os dois estados ficaram por décadas sem nenhuma aproximação. Um enorme erro. Como é que pode não dividir estudos e decisões sobre o pantanal?
Unemat, UFMT, UFMS tem dividido estudos e decisões de atuação em conjunto sobre o mesmo Pantanal?Tem também trabalho conjunto dos dois estados em como atuar na fronteira com a Bolívia? Seria interessante a mídia escarafunchar mais esses assuntos.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
[email protected] www.alfredomenezes.com







