Christina Lemos
A presidente afastada Dilma Rousseff, que a partir de hoje começa a cumprir um período compulsório de distância do cargo para o qual foi eleita em 2014, não deve ter de esperar os 180 dias previstos na Constituição pelo julgamento final. A condenação selada na sessão do Senado nesta quarta e improvável de ser revertida deve ser antecipada em pelo menos em dois meses, para setembro.
Retirar Dilma em definitivo de vizinhança tão próxima e incômoda - a petista permanecerá instalada no Palácio da Alvorada - virou meta para aliados de Michel Temer, que agora viram governo. Vão tentar cumprir com a máxima agilidade possível o rito do afastamento definitivo. A etapa prevê a instalação de uma comissão especial para preparar novo relatório a ser levado a julgamento em plenário.
Renan Calheiros vai exigir o cumprimento mínimo de prazos, mas a tarefa tende a ser meramente protocololar. O inevitável encolhimento político de Dilma também promete esvaziar sua tribuna de defesa, que será tocada pelos 11 senadores do PT e por escassos aliados fiéis em outros partidos.
Hoje mesmo, auxiliares próximos já temem que a exaustão e o grande abatimento da presidente afastada a impeçam de seguir se defendendo. Após breve período de descanso, Dilma e o partido passarão pela longa prova da espera pelo julgamento, que mesmo encurtada deverá ser de pelo menos quatro meses. De volta à trincheira da oposição, o PT vai partir para o ataque aos atos de governo de Temer e investir no contraponto com a gestão de Dilma. No médio prazo, o desafio será evitar que Dilma seja excluída do noticiário e mantê-la em evidência e no palanque.
Christina Lemos é jornalista em Brasília. Especializada em política