Lá se foram as eleições! As mais deselegantes, para usar um eufemismo no lugar da logorreia da história eleitoral. Propostas, ideias, esperanças, quase nenhuma. Com poucas e raras exceções, apenas coisas destinadas às cloacas das cidades que esses posudos senhores de bolsos cheios e de cabeças vazias vomitam em nossos ouvidos esperançosos de propostas sérias.
Enfim, pelo menos um simulacro de democracia tomou conta do espaço público nacional. Viu-se de tudo! Desde fantasmas de celebridades, bizarros indivíduos tentando ser diferente, mas repetindo os mesmos equívocos já surrados de outras tantas eleições.
Não me venham dizer que o que vimos pela TV é democracia! Alguns poucos, endinheirados pelos partidos políticos apodrecidos, que vampiram o povo brasileiro, afanando descaradamente recursos publicos para satisfazer suas sanhas desmedidas de poder, em propostas legislativas imorais. Como se o fato de serem aprovadas no Parlamento, as tornam morais. Essa aprovação, muitas vezes por uma quase unanimidade, só demonstra que o nosso Parlamento está no porão que fica abaixo do fundo do poço.
A cada ano, o valor do tal fundo eleitoral é ampliado, alcançando patamares impensáveis
Tudo para sustentar a voracidade pantagruélica de engravatados senhores, que iludem os incautos brasileiros com seus discursos camaleônicos, já que, ao final do pleito, o que saiu do peito foi carregado pelo vento bafejado dos seus bofes apodrecidos.
No frigir dos ovos, o que realmente sobressai nesses verborrágicos falatórios, são violências contra o outro, por pensar diferente, por pertencer a outro partido político, que circunstancialmente está na oposição.
Na próxima eleição, serão amigos de infância, de braços dados e defendendo as mesmas causas, preponderantemente aquelas que dizem respeito ao ingresso de uma bela grana em suas contas bancárias.
Como consequência desta última campanha eleitoral, tem gente fabricando cadeiras para “armar” os próximos candidatos, à exemplo de São Paulo, onde o melhor argumento foi uma cadeirada na cabeça do outro. O argumento, praticamente único, passou a ser a agressão verbal, o xingamento, a baixaria, o destempero verbal ou a truculência de assessores. E tome palavrão, acusações falsas, mentiras obvias, falsificações de documentos, enfim, o submundo da política, em linguagem atual, deep fake, uma tentativa de retorno à barbárie medieval.
José Pedro Rodrigues Gonçalves - Doutor em Ciências Humanas