LEONARDO HEITOR/ Folha Max
Durante a Operação Onipresente, concluída pela Polícia Federal na segunda-feira (29), os agentes descobriram que os índios tinham inclusive uma tabela de preços para a extração de madeira nas terras pertencentes às aldeias. A ação, realizada em conjunto com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) resultou na prisão de um cacique e um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai).
A operação foi deflagrada para combater crimes ambientais em terras indígenas, como extração ilegal de madeira e garimpos clandestinos. As ações foram realizadas durante 15 dias, em 21 pontos localizados na Terra Indígena Aripuanã, localizada entre os municípios de Juína e Aripuanã (etnia Cinta Larga); Terra Indígena Menkü, no município de Brasnorte (etnia Menķü) e no Parque Nacional do Xingu, em Feliz Natal (etnia Ikpeng). Foram utilizados 2 helicópteros, 12 policiais federais e 4 fiscais do Ibama.Uma tabela de preços para retirada de madeira na aldeia foi encontrada pelos agentes da Polícia Federal e do Ibama.
De acordo com o registro, eram cobrados R$ 250 pelos palanques de 3,5 metros, R$ 360 pelas lascas e pela madeira branca, R$ 650 pelo metro cúbico de tora e R$ 1.600 pelo lascão. O documento dizia ainda que a “nova tabela de preços das madeiras foi decretada pela aldeia Pïrino” e é datada do dia 19 de março de 2022.Segundo informações da Polícia Federal, além da extração de madeira, ainda era realizado um garimpo ilegal na região.
Em uma das terras indígenas, o cacique recebia 20% de todo o ouro retirado do local, que estava registrado em seu nome. Para os agentes, isso reforça a tese de que era ele quem realmente comandava o esquema.Durante a realização da Operação Onipresente, madeireiros chegaram a derrubar sete árvores no caminho, na tentativa de impedir a passagem dos policiais federais. Neste dia, os agentes tiveram que trabalhar por cerca de 20 horas ininterruptamente. A escolha das localidades fiscalizadas foi feita através de monitoramento via satélite, utilizando o sistema “Planet”.
Ele é capaz de detectar desmatamentos em áreas tão pequenas quanto um quintal de uma casa por exemplo.Durante a operação, foram apreendidos documentos, celulares, sete escavadeiras hidráulicas, três caminhões, sete tratores, doze motocicletas e trinta motores estacionários utilizados na lavagem do solo. Foram destruídos diversos acampamentos que davam suporte para a prática dos crimes. As escavadeiras e veículos que estavam em situação precária de conservação ou locais de difícil acesso, foram inutilizados. Os demais foram retirados e receberão destinação que será definida posteriormente.
A Polícia Federal descobriu ainda a atuação de um funcionário da Funai no esquema. Ele passava informações a garimpeiros, para que escapassem da ação policial. Com isso, foi possível a realização da Operação Ato Reflexo, que resultou na prisão desse servidor e de uma liderança indígena que recebia 20% de todo ouro extraído da área protegida.
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