Mário Ruiz do Nascimento
Mato Grosso do Norte
Nenhuma escola estava preparada para enfrentar a realidade causada pela pandemia. Para prevenir o contágio da covid-19, desde 2020, quando eclodiram os primeiros casos da doença, professores, pais e alunos precisaram se adaptar a este novo formato de educação. O aluno que antes usava apenas o caderno e caneta, agora precisa também de computadores, webcams e celulares para participar da aula.
Em Alta Floresta não foi diferente e profissionais da Educação relatam as dificuldades deste período e as medidas adotadas pelas escolas para não deixar as crianças desassistidas.
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Mônica Bernardi Utsunomiya
Mônica Bernardi Utsunomiya, Coordenadora Pedagógica da Escola Presbiteriana relata que os impactos psicossociais tiveram grande repercussão na vida dos alunos. “A privação da liberdade, a privação do contato com outras crianças ou outros jovens da mesma idade, causou um impacto em nossos alunos muito maior do que o impacto pedagógico”.
Professores e alunos de escolas de Alta Floresta tiveram que se adequar a uma nova realidade imposta pela pandemia da covid-19
Segundo ela, os impactos pedagógicos foram minimizados devido ao suporte oferecido pela instituição, comprovado pelos resultados, pois os alunos da Unidade Educacional alcançaram bons resultados dentro do ranking interno do sistema Anglo, adotado pela instituição, sendo que muitos deles estiveram entre os primeiros colocados em nível nacional.
A escola também contou com uma esquipe multidisciplinar para receber os alunos e ajudá-los nesse período de transição. Em entrevista ao Mato Grosso do Norte a Coordenadora Mônica disse que até o dia 31 de maio de 2022 foi ofertado o modelo hibrido para os alunos que estavam de atestado médico, isolamento ou até mesmo para as famílias que ainda não se sentiam confortáveis para enviarem seus filhos à escola”.
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Vinícius Bonafin Stoqui
Vinícius Bonafin Stoqui, Coordenador Pedagógico da Escola Estadual militar Dom Pedro II Vitória Furlani da Riva, também compartilha suas impressões. Ele observa que há visível dificuldade de aprendizagem da maior parte dos alunos, e que seus desenvolvimentos acadêmicos dependem mais do apoio familiar do que de sua situação socioeconômica.
Conforme ele foi constatado a necessidade de se criar uma estratégia, a longo prazo, que pudesse auxiliar no desenvolvimento e no nivelamento do conhecimento entre os estudantes. “Pensando nisso foi criado o “quarteto pedagógico”, que é composto por laboratório de aprendizagens, sala de recursos multifuncionais, projeto de biblioteca, projetos interdisciplinares e projetos de leitura e interpretação”, disse.
A cobrança por resultados acadêmicos aliada a falta de interação com colegas de turmas e professor, apontam para uma possível relação com o aumento do número de estudantes ansiosos.
Segundo o Coordenador, o perfil da maioria dos estudantes no período pós-pandemia é de indivíduos com comportamento agitado, ansioso e emocionalmente frágil. “Na escola Militar, a coordenação pedagógica e de Hierarquia e disciplina vêm apostando em atividades lúdicas e debates com profissionais da área da saúde e psicólogos, a fim de encontrar maneiras que a escola possa resgatar o espírito estudantil e o ritmo de estudos que esses estudantes possuíam no período que antecede a pandemia”, conclui Vinicius.
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Keila Cristina Martins de Rezende
Keila Cristina Martins de Rezende, professora Tutoria Pedagógica, ressalta que a questão socioeconômica e o acesso precário à tecnologia foram fatores que influenciaram negativamente o processo de aprendizagem, ocasionando um grande percentual de déficit de aprendizagem entre os alunos.
“Um dos grandes benefícios são as TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação- que embora não sejam tecnologias atuais, trouxeram benefícios e multiplicam as possibilidades de pesquisa e informação, fazendo que o estudante tenha mais autonomia em seu cotidiano pelo fácil acesso à internet nos dias atuais. Muitas escolas têm usado de tal ferramenta, que se faz necessária em aulas hibridas e que atende perfeitamente a casos em que as classes estejam com superlotação ou alunos específicos, que não podem frequentar o meio escolar (casos de isolamento)”, completa Keila.