Mequiel Ferreira
Reportagem
O município de Alta Floresta vem passando nos últimos meses por uma situação bastante perturbadora: a questão insegurança pública e o aumento do índice de criminalidade, especialmente os roubos. Nesse sentido, além dos trabalhos que vem sendo desenvolvidos pelas instituições responsáveis, alguns segmentos da sociedade também têm buscado ser organizar para discutir o problema e trilhar caminhos resolutivos e conjuntos para a demanda. Nesta última semana foram três eventos: dois propostos pelo CDL e um proposto pela OAB. Os eventos propostos pelo CDL, que aconteceram às 19h no auditório Ariosto da Riva, foram realizados em parceria com as Polícias Militar e Civil e tiveram objetivo de oportunizar à população a audição das instituições acerca de “um esclarecimento da atual situação do aumento dos índices de ocorrências em nosso município e região”. No dia 29 de junho, a palavra foi conduzida pelo Tenente Coronel Eduardo Luiz Silva Dos Santos e no dia 30 pelo delegado titular da Delegacia Municipal, Dr. Carlos Francisco de Morais.
O evento do dia 01, que aconteceu às 13h no Auritório do Júri (Fórum Municipal), foi convocado pela OAB do município, sendo conduzido pelo Presidente da mesma, Celso Reis e contou com a presença do juiz da 5ª Vara Douglas Bernardes, juíza da 2ª Vara Ana Paula, delegado regional Rodrigo Bastos, delegado municipal Carlos Francisco de Morais, delegada Ana Paula Revelis de Carvalho, tenente coronel Eduardo Luiz Silva Dos Santos, a promotoria pública, defensoria pública, a major do Corpo de Bombeiros Tarciana Ramos, vereadores Elisa Gomes e Rogério Collichio, empresários, funcionários públicos, estudantes do curso de Direito e imprensa. Também se fizeram presentes na reunião pessoas que sofreram roubos e familiares de vítimas de homicídios de Alta Floresta e região.
A reunião foi aberta pelo Presidente da OAB local, Celso Reis, que enfatizou que o objetivo da mesma era “afinar ideias e traçar estratégias para conter a onda de violência em nossa cidade”. Na sequência, pormenorizou a questão sob alguns aspectos, destacando a premissa de que os juízes cumprem o que está escrito nas leis e que as decisões são orientadas pelas mesmas, logo, não se trata de um querer pessoal, especialmente no que tange as audiências de custódia e apreensão e liberação de jovens com menos de 18 anos. Esta posição também foi defendida pelo Ministério Público, na pessoa do promotor Dr. Carlos. Quanto as proposições, Celso destacou a necessidade de se pressionar o executivo e poderes constituídos para que equilibrem o efetivo da policia com a média orientada pelo estado; exigir do secretário de segurança pública que contenha o fluxo de concursados que vem para município e depois solicitam transferência para capital e cercanias; e também frisou que é necessário se assumir o desafio de se construir um centro socioeducativo que possa suprir a demanda da região.
O promotor Dr. Carlos e o delegado municipal Carlos Francisco pontuaram a necessidade de observar que o problema da violência e criminalidade é complexo e multifatorial, resultantes da estrutura social negligente e falha, educação precária e a legislação incompatível com a realidade. O delegado municipal foi bastante enfático quanto aos condicionantes da resolução desta questão e disparou: “Eu não acredito em promessa sem compromisso!” e complementou considerando que é necessário que seja construída uma análise do problema em sua ampla complexidade e que seja desenvolvido um planejamento nas esferas municipal e estadual para 2017, tendo em vista o tratamento das causas e raízes do problema e não só o ataque aos sintomas da questão. Ele ainda fechou o uso da palavra criticando a participação nas discussões que não alcançaram nem 100 participantes e encerrou: “Polícia sem sociedade não vai a lugar nenhum. É um problema nosso, estão todos envolvidos”.
Os demais presentes também fizeram uso da fala e pontuaram outras vertentes sobre o assunto. Contudo, enquanto as ideias não se materializarem, os atingidos pelos crimes sofrem os traumas de abordagens violentas e aterrorizantes e os não atingidos sofrem a angústia de a qualquer momento poder se transformar em mais uma vítima da criminalidade. Uma audiência com o secretário de segurança do Estado, Leonardo Campos, está marcada para o dia cinco de julho as 15h30 em Cuiabá e todos estão convidados a comparecer e expor as questões debatidas e propositadas nesta reunião.