Dionéia Martins
Mato Grosso do Norte
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal realizada na segunda-feira, 7, o anúncio do fechamento da escola municipal da comunidade São Mateus, EE Rodrigues Alves, na zona rural de Alta Floresta, gerou forte reação dos vereadores.
O primeiro a se manifestar foi Naldo da Pista (Republicanos), que fez um pronunciamento contundente contra a proposta, classificada por ele como um “retrocesso para o homem do campo”.
“Quando a gente escuta falar em fechar uma escola, o sentimento é de retrocesso. É como desincentivar o agricultor a permanecer onde está”, afirmou o vereador.
Imagens de veículos atolados em estradas durante o período chuvoso foram projetadas no telão do plenário para ilustrar as dificuldades de acesso à região, caso os alunos precisem se deslocar até outra unidade.
A escola em questão atende crianças do assentamento Jacaminho e a proposta de encerramento, segundo Naldo, teria sido apresentada por representantes da Secretaria Municipal de Educação e da Diretoria Regional de Educação (DRE) durante uma reunião com os pais. “A secretária Neinha chegou e simplesmente disse: ‘Vamos fechar após as férias, já tem que começar lá na Ourolanda’”, anunciou.
Além da distância, preocupa a precariedade da estrada que liga São Mateus à comunidade vizinha. “Agora está seco, é verão, ainda dá para passar. Mas quando começar a chover? Que pai ou mãe vai se sentir bem ao colocar o filho numa estrada escorregadia, cheia de atoleiros?”, questionou.
A vereadora Elisa Gomes, líder do prefeito na Câmara, também se posicionou contra a medida. Ela ressaltou o papel simbólico e prático que a escola exerce nas comunidades rurais. “Quais são as referências para uma comunidade? É a sua igreja e a sua escola. Fechar uma escola é algo que não consigo conceber, ainda mais quando temos bons índices de aproveitamento”, argumenta.
O vereador Dida Pires, que também esteve recentemente na região afetada, em sua fala, destacou a necessidade de apoio permanente da administração municipal para atender às demandas locais, especialmente no que diz respeito à malha viária e à estrutura das escolas.
“Percorri a região da Pista do Cabeça e vi de perto os problemas. É urgente deixar ali de forma permanente uma pá-carregadeira, um caminhão e uma patrola, porque as estradas vivem em situação crítica”, afirmou.
Dida também mencionou a situação da antiga escola Rodrigues Alves, hoje uma extensão da escola Boa Esperança.
“São crianças de 5 anos que terão que se deslocar. Recentemente, uma delas caiu dentro do transporte de tão cansada que estava. Isso é preocupante. No meu ponto de vista, é possível manter a escola funcionando e peço o apoio da Câmara Municipal nesta luta”, concluiu.
O Diretor Regional de Educação, Clailton Lira Perin, da DRE Alta Floresta, disse à Mato Grosso do Norte que já estava decidido a transferência dos alunos para a escola Boa Esperança na Pista do Cabeça.
A escola da comunidade está funcionando como sala anexa, com poucos alunos.
Entretanto, ele disse que a comunidade veio conversar com o prefeito e a escola poderá funcionar até no final do ano, para os pais se organizarem para a transferência.
Mas ainda não há definição.