Ilson Machado/ Mato Grosso do Norte
Um caso considerado de racismo movimentou as redes sociais e virou caso de polícia. Durante uma conversa de estudantes da UNEMAT (Universidade Estadual de Mato Grosso) Campus Alta Floresta, membros de uma Atlética da Universidade em um grupo de WhatsApp, teceram comentários para outros estudantes com teor explicitamente racista.
Mesmo sendo alertados por outros alunos sobre o possível crime de racismo que estavam cometendo com frases e figurinhas discriminatórias, os dois alunos acusados prosseguiram com as ofensas, dizendo ser apenas brincadeira. Brincadeira que virou caso sério, porque os alunos ofendidos procuraram a delegacia de Polícia Civil e registraram um boletim de ocorrência contra os alunos, que na opinião das vítimas, estavam injetando ódio através de publicações de mensagens no WhatsApp.
Em uma figurinha contém a frase: “Desde quando macaco aprendeu a falar?
Na última terça-feira, 27 de fevereiro, o coletivo Levante da Juventude/MT, tornou público o caso das ofensas racistas expondo nas redes sociais uma série de prints de um grupo com professores e estudantes. Os membros da Atlética da Universidade iniciaram as ofensas: “I don’t speak monkey” (Eu não falo macaco, traduzido em português).
Conforme o Levante da Juventude/MT, na sequência uma série de outras ofensas raciais foram enviadas no grupo, repetindo a mesma frase ou zombando de pessoas pretas de pele retinta, entre outras mensagens.
Em uma figurinha contém a frase: “Desde quando macaco aprendeu a falar?”.
Já em outra, pede fim ao racismo, com a imagem de um menino branco com a mão branca ao lado de um macaco com a mão preta. O advogado de acusação, Vinícius Eduardo de Jesus Pereira, formado pela UNEMAT de Alta Floresta e um dos professores que estavam no grupo, disse que não teve como se abster da série de ofensas enviadas no grupo e decidiu representar juridicamente contra os infratores. O advogado disse estar aguardando que as demais testemunhas e os infratores sejam ouvidos pela polícia.
“A partir disso, espera que, criminalmente, os indivíduos sejam indiciados pela Delegacia Municipal e devidamente processados pelas condutas realizadas, com condenação que pode variar de 2 a 5 anos e multa”, argumenta.
Já quanto as atitudes que devem ser tomadas pela UNEMAT, ele diz que foi protocolado um “requerimento administrativo” na Instituição para que os discentes do campus sejam academicamente processados, com o intuito de que as medidas disciplinares devidas sejam aplicadas. A intenção maior.
Segundo ele, é que os infratores sejam desligados dos seus respectivos cursos, já que a própria Normatização Acadêmica prevê essa punição.
foto/ reprodução
O Diretor Pedagógico e Financeiro do Campus da UNEMAT, em Alta Floresta, o professor Marco Antônio, em entrevista ao Jornal Mato Grosso do Norte, disse que a Instituição de Ensino Superior é veementemente contra qualquer tipo de discriminação, mas só pode tomar alguma atitude a partir de uma solicitação por parte dos alunos ofendidos, que, segundo Marco Antônio, devem entrar com uma queixa na Coordenação de Cursos para que seja criada uma comissão processante que analisará o caso.
O coordenador faz uma observação sobre as normas da UNEMAT, explicando que a Instituição de Ensino superior só poderá agir de forma punitiva contra qualquer atitude arbitrária dos alunos, inclusive com a expulsão do acadêmico, se as arbitrariedades foram constatadas dentro do campo físico da Universidade.
Como esse caso de ofensas racistas ocorreu em um campo virtual, a UNEMAT não pode processar academicamente os discentes envolvidos no episódio. Caso isso aconteça, a universidade vai estar se contrapondo contra o seu próprio Regimento. Marco Antônio garante que se houver denúncias na Coordenação de Cursos, elas serão apuradas.
Diante do lamentável episódio envolvendo os discentes do campus de Alta Floresta, a UNEMAT, fez uma nota de repúdio e publicou no Instagram da instituição .
Leia a nota na íntegra da UNEMAT abaixo:
Nós, da Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Alta Floresta, expressamos nosso veemente repúdio a qualquer forma de racismo e discriminação racial.
O racismo é uma prática abominável e uma violação dos direitos humanos fundamentais, que perpetua desigualdades, promove ódio e impede o progresso de nossa sociedade como um todo.
É inaceitável que, em pleno século XXI, indivíduos ainda sejam julgados, discriminados ou violentados por conta da cor de sua pele, origem étnica ou cultural. Tal comportamento não apenas desumaniza as vítimas, mas também empobrece o perpetrador e a sociedade em que este se insere.
Comprometemo-nos a lutar contra o racismo em todas as suas formas, promovendo a educação, o respeito à diversidade e a inclusão em nossas práticas diárias.
Estamos ao lado daqueles que sofrem com o racismo e apoiamos iniciativas que visam erradicar essa praga de nossa sociedade.
Fazemos um chamado à reflexão e à ação. É dever de todos(as) combater o racismo, seja ele explícito ou velado. Encorajamos indivíduos, outras organizações e instituições a se juntarem a nós nesta causa crucial, promovendo uma cultura de tolerância, igualdade e justiça.
foto/ Reprodução

O Diretor Pedagógico e Financeiro do Campus da UNEMAT, em Alta Floresta, o professor Marco Antônio